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É correto criar animais silvestres ?

É correto criar animais silvestres ?

A cultura das pessoas que não veem problemas em criar animais silvestres como bichos de estimação ou alimentar-se deles advém, principalmente, da falta de informação sobre a coexistência com o meio ambiente. Isso se torna mais comum nas comunidades distantes, próximas dos ambientes naturais desses seres. Esse costume é o que também alimenta o tráfico desses seres vivos. Com pouco esforço, os traficantes conseguem apoio da comunidade
para praticarem suas ações.
“Eles compram a comunidade com pouca coisa e quando alguém denuncia, eles logo ficam sabendo e desaparecem. Têm muitos meios de comunicação para usar e nossos agentes são facilmente reconhecidos pelo fardamento”, lamenta Gilvan Vilarinho, analista ambiental responsável pelo Setor de Fiscalização do Ibama-PI. Segundo ele, os psitacídeos, grupos de aves que inclui papagaios, araras, jandaias, periquitos e muitos outros, são os mais visados pelos traficantes.
As capturas ocorrem em regiões serranas com ocorrência comum nas cidades de Floriano, Porto Alegre do Piauí, Corrente, Bom Jesus, Pimenteiras e São Miguel do Tapuio. Para mudar esse quadro, os órgãos de preservação e proteção ambiental têm investido em campanhas e trabalhos educativos para conscientizar as pessoas a não manter animais silvestres em cativeiro. Inaugurado em 2006, o Centro de Triagem de Animais (CETAS) do Ibama-PI recebeu
quase oito mil animais, entre aves, répteis e mamíferos, nos últimos seis anos. Os recebimentos são oriundos de apreensões, recolhimento e entrega voluntária, além das coletas feitas pela polícia civil, batalhão ambiental da polícia militar e polícia rodoviária federal.
A função do CETAS é verificar as condições dos animais e dar destinação a eles, seja retornando-os aos seus ambientes ou encaminhando-os para criadores autorizados e zoológicos. Analisando os dois últimos anos, percebe-se uma diminuição na quantidade de animais no CETAS. Isso se deve a dois fatores, sendo o primeiro a aplicação da Lei Complementar nº 140 de 2011 que estabeleceu as competências de cada órgão ambiental nas esferas municipal, estadual e federal. O outro motivo da diminuição é o trabalho educativo voltado para o público, outrora consumidor ilegal de animais silvestres, o que tem impactado diretamente na redução do tráfico.
“Ao longo de dez anos, o Ibama-PI elaborou uma série de materiais educativos e didáticos prontos para serem utilizados por professores na ideia da formação de multiplicadores. Hoje temos quatro mil docentes que usam gibis, música, vídeo e jogos que mostram as consequências cruéis do tráfico e da domesticação de animais silvestres. Isso aumentou significativa o número de entregas voluntárias”, explica Fabiano Pessoa, analista ambiental
responsável pelo CETAS em Teresina. Fabiano lembra ainda que o contato com animais silvestres pode trazer sérias consequências à saúde, pois, várias dessas espécies são transmissores de zoonoses como a raiva, leishmaniose, além de doenças respiratórias.

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