“Voa, Juju, voa. Voa para os braços do Pai Eterno […]", disse o pai de Juliana Marins
Corpo de brasileira é retirado de vulcão na Indonésia após 5 dias
![“Voa, Juju, voa. Voa para os braços do Pai Eterno […]", disse o pai de Juliana Marins](https://pensarpiaui.com/storage/20813/685bf35912290-ju-ju.jpg)
O corpo da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, foi retirado na manhã desta quarta-feira (25/6), no horário de Brasília, do Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia. A jovem caiu em uma vala enquanto fazia uma trilha no vulcão no último sábado (21/6) e permaneceu no local por cinco dias, até ser localizada sem vida por equipes de resgate. A operação mobilizou 48 pessoas e enfrentou severas dificuldades causadas pelo terreno acidentado e pelas más condições climáticas.
Juliana, natural de Niterói (RJ), era publicitária, dançarina profissional de pole dance e ex-funcionária de empresas do Grupo Globo. Ela havia decidido realizar um mochilão pela Ásia com recursos próprios, em um sonho que vinha acalentando havia anos. Durante a trilha, organizada por uma agência local e feita ao lado de outros turistas, Juliana escorregou e caiu cerca de 300 metros de um dos trechos da trilha. Nos dias seguintes, surgiram rumores de que ela teria sido socorrida, o que foi desmentido pela família.
As buscas começaram, mas o clima instável e a baixa visibilidade impediram o uso de helicópteros e interromperam o salvamento na segunda-feira (23/6). Um socorrista voluntário conseguiu localizar o corpo da jovem a uma profundidade de cerca de 600 metros. Inicialmente, havia suspeita de que ela pudesse estar ainda mais abaixo, a 950 metros, o que não se confirmou. O resgate foi realizado com uso de cordas ao amanhecer, quando as condições melhoraram. Após ser içado, o corpo de Juliana foi levado de maca até o posto de Sembalun, de onde será transportado de helicóptero até o hospital Bayangkara para os procedimentos legais.
A morte de Juliana comoveu familiares e voluntários. Um dos montanhistas que participou da operação lamentou nas redes: “Não pude fazer muito, só consegui ajudar desta forma. Que suas boas ações sejam aceitas por Ele. Amém.” Em carta emocionada, o pai de Juliana, Manoel Marins Filho, se despediu da filha: “Voa, Juju, voa. Voa para os braços do Pai Eterno […]. Você se foi fazendo o que mais gostava, e isso conforta um pouco o nosso coração.”
Juliana tinha mais de 20 mil seguidores nas redes sociais e compartilhava registros de suas viagens e performances artísticas. Formada em Comunicação Social pela UFRJ, também cursou fotografia, roteiro e direção de cinema. Seu perfil refletia a paixão por novas experiências e o desejo de explorar o mundo por conta própria.
O acidente que vitimou Juliana acontece em um cenário de aumento no número de incidentes no Monte Rinjani, um dos destinos turísticos mais procurados da Indonésia. Segundo dados do Escritório do Parque Nacional, os casos praticamente dobraram em 2024 em comparação ao ano anterior — foram 60 ocorrências até agora, contra 35 em todo o ano de 2023.
Nas redes sociais, equipes de resgate pediram respeito ao trabalho dos socorristas e ressaltaram os perigos da trilha: “Fazer trilha no Monte Rinjani é um esporte de turismo extremo. Quando acontecer um acidente, não culpe os resgatistas, a menos que você já tenha estado no lugar deles.”
A história de Juliana, marcada por coragem, sonhos e liberdade, agora também se transforma em alerta sobre os riscos do turismo de aventura e os desafios de salvamentos em regiões de difícil acesso.
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