Religião

Robert Francis Prevost é o novo papa Leão XIV

Robert Francis Prevost, de 69 anos, torna-se o primeiro pontífice dos Estados Unidos e sucede Francisco com foco em continuidade pastoral e reformas internas da Igreja


Reprodução Robert Francis Prevost é o novo papa Leão XIV
Cardeal Robert Francis Prevost é anunciado como novo papa e escolhe nome Leão XIV

O conclave elegeu nesta quinta-feira (8) o novo papa da Igreja Católica. O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi o escolhido pelos cardeais e adotou o nome Leão XIV. Aos 69 anos, o religioso nascido em Chicago torna-se o primeiro pontífice norte-americano na história da Igreja e sucede o papa Francisco, de quem é considerado próximo tanto no estilo pastoral quanto em linhas de pensamento.

A escolha de Prevost, até então prefeito do influente Dicastério para os Bispos, foi vista como uma saída de consenso diante da falta de unanimidade em torno dos principais favoritos. Sua longa trajetória missionária no Peru, aliada à sólida formação acadêmica e à experiência na Cúria Romana, garantiu-lhe apoio entre diferentes blocos do colégio cardinalício.

Membro da Ordem de Santo Agostinho desde 1977, Prevost possui formação em Matemática pela Universidade de Villanova, mestrado em Teologia pelo Catholic Theological Union e doutorado em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Santo Tomás de Aquino, em Roma. Sua atuação no Peru começou em 1985, com passagens por cargos como chanceler, professor, vigário judicial e pároco. Em 2001, assumiu como prior-geral da ordem agostiniana, cargo que ocupou até 2013.

Designado por Francisco como administrador apostólico da Diocese de Chiclayo em 2014, tornou-se bispo titular no ano seguinte e ganhou relevância no episcopado peruano durante sucessivas crises políticas no país. Entre 2020 e 2021, também comandou temporariamente a Diocese de Callao.

Nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos em 2023, Prevost assumiu papel central na seleção de bispos em todo o mundo. Foi criado cardeal no mesmo ano e passou a integrar sete dicastérios vaticanos, além da Comissão de Governança do Estado da Cidade do Vaticano, sinal de sua crescente influência no governo central da Igreja.

Embora discreto na mídia, Leão XIV é descrito como um líder atento e objetivo. Compartilha de muitas das prioridades de seu antecessor: defesa do meio ambiente, atenção a pobres e migrantes, e abertura pastoral em temas controversos. Apoia, por exemplo, a comunhão para divorciados recasados e manifestou apoio moderado ao documento Fiducia Supplicans, que trata da bênção a casais em situação irregular.

No entanto, sua ascensão não foi isenta de polêmicas. Durante seu período como provincial em Chicago, entre 1999 e 2001, Prevost foi citado em um caso envolvendo um padre acusado de abuso sexual que continuou vivendo perto de uma escola. Seus defensores argumentam que o religioso não pertencia à sua ordem e que os fatos ocorreram antes da entrada em vigor da Carta de Dallas, marco legal da Igreja dos EUA para lidar com abusos, em 2002.

Mais recentemente, em 2022, enfrentou críticas na Diocese de Chiclayo por suposta má condução de denúncias contra dois padres acusados de abusar de três meninas. Prevost acolheu os relatos, abriu investigação canônica e incentivou que as famílias procurassem as autoridades civis. O caso foi encaminhado ao Dicastério para a Doutrina da Fé, mas continua sem desfecho. Em maio deste ano, a polêmica voltou à tona após revelações de que a diocese teria pago US$ 150 mil às vítimas, levantando suspeitas de tentativa de silenciamento.

Apesar dos questionamentos, a imagem internacional de Prevost permanece sólida, em grande parte por sua trajetória fora dos Estados Unidos e pela confiança que gozava junto a Francisco. Agora como Leão XIV, ele assume o trono de Pedro com a missão de consolidar as reformas do pontificado anterior e enfrentar os desafios internos e externos que cercam a Igreja Católica no século XXI.

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