Política

Rafael Fonteles defende maior apoio do PT ao governo Lula e composição com o centro

Governador do Piauí atribui queda de popularidade de Lula à inflação dos alimentos e apoia agenda de Haddad, incluindo a busca pelo grau de investimento


Ricardo Stuckert Rafael Fonteles defende maior apoio do PT ao governo Lula e composição com o centro
O governador do Piauí diz que Lula tem muita popularidade em seu estado

247 - Novo presidente do Consórcio Nordeste, o governador do Piauí, Rafael Fonteles, defende que o PT reforce a defesa do governo Lula e busque ampliar sua base de apoio político para 2026. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste domingo (23), ele atribuiu a queda na popularidade do presidente, especialmente no Nordeste, à alta da inflação dos alimentos e avaliou que a responsabilidade fiscal é essencial para a retomada do crescimento. Fonteles também destacou a importância de composições com o centro e a centro-direita para consolidar a governabilidade e garantir a reeleição.

“O presidente Lula continua com 65% de aprovação no Piauí, embora já tenha ficado acima dos 70%”, disse. “Atribuo a queda principalmente à inflação dos alimentos. É o fator mais relevante, combinado com a comunicação das entregas.” Para reverter esse cenário, ele aposta no aumento da produção agrícola, tanto na agricultura familiar quanto no agronegócio, e na valorização do real. “O arrefecimento do dólar também é fundamental”, ressaltou.

Defensor da política econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Fonteles afirmou que o Brasil precisa seguir firme no compromisso com a responsabilidade fiscal para conquistar o grau de investimento. “Isso significa acesso a crédito mais longo e barato, além de colocar o país no radar de vários investidores e fundos internacionais. Dou apoio total ao ministro Haddad”, enfatizou.

O governador reconheceu que dentro do PT há correntes que divergem sobre esse tema, mas reforçou seu alinhamento à equipe econômica. “O PT é um partido muito grande, tem correntes que pensam diferente. Mas eu estou nessa direção de defender a política econômica do ministro Haddad.”

Sobre a recente crise do Pix, Fonteles minimizou os impactos no Nordeste e avaliou que o episódio reforçou a necessidade de aprimorar a comunicação governamental. “Foi forte, mas hoje pesa muito menos que a inflação dos alimentos. Apesar do susto na população de que poderia haver a taxação do Pix, isso não se configurou. Mas a comunicação podia ter sido mais preventiva.”

Ao comentar a estratégia política para 2026, ele disse acreditar que o principal adversário de Lula será um candidato de extrema direita, possivelmente Jair Bolsonaro ou alguém ligado a ele. “Independentemente do que aconteça na Justiça com Bolsonaro, ele será um protagonista da eleição. De novo, portanto, a frente ampla vai ser importante, fazendo um caminho para o centro e procurando conversar até com a centro-direita.”

Para Fonteles, a reforma ministerial deve ter como prioridade a construção de uma base sólida no Congresso. “O mais importante é buscar uma governabilidade maior. O que puder ser feito para melhorar essa relação e termos uma base mais sólida, uma ideia mais clara de quem está mesmo com o governo, é fundamental.”

Quando questionado sobre um eventual plano B caso Lula decida não concorrer, Fonteles afastou a hipótese. “Nem cogito outra possibilidade. Ele está firme, com saúde. Mas é natural que cogitem. Quem gosta de antecipar eleição é a oposição.” No entanto, para 2030, ele acredita que o partido terá novos nomes fortes. “Vários ministros já são naturalmente figuras nacionais. Pode ser o ministro Fernando Haddad, por exemplo.”

Sobre segurança pública, apontada como uma preocupação crescente da população, Fonteles defendeu maior envolvimento da União, mas ressaltou que a responsabilidade principal cabe aos estados. “O governo federal não tem a responsabilidade principal, mas pode contribuir — e contribui. Defendo a constitucionalização do Sistema Único de Segurança Pública e do Fundo Nacional de Segurança Pública para termos mais recursos.”

Ele também rejeitou a ideia de que o PT perdeu o eleitorado evangélico e vê espaço para diálogo. “No Piauí, temos excelente relação com a comunidade evangélica. Sou católico e de uma família muito ligada à religião. Nossos valores são muito próximos aos da comunidade evangélica.”

Por fim, ao ser perguntado sobre a eleição interna do PT, Fonteles afirmou que o partido precisa fortalecer ainda mais a defesa do governo Lula. “Temos uma batalha difícil. Vai ser uma eleição novamente polarizada em 2026.” E sinalizou seu voto na disputa pela presidência do partido: “Se Lula estiver apoiando Edinho Silva, já tem meu voto.”

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