Política

PT x Tarcísio: Feira do MST ameaçada por verba retida

Deputados do PT acusam governo de Tarcísio de Freitas de reter R$ 5 milhões aprovados para a 5ª Feira Nacional da Deputados do PT Reforma Agrária, em São Paulo.


Reprodução PT x Tarcísio: Feira do MST ameaçada por verba retida
PT x Tarcísio: Feira do MST ameaçada por verba retida

Faltando menos de duas semanas para a 5ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorrerá entre os dias 8 e 11 de maio no Parque da Água Branca, em São Paulo, uma disputa política se intensifica. Deputados estaduais do PT acusam o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) de não cumprir um acordo feito no final de 2023 e de reter os R$ 5 milhões aprovados no Orçamento do Estado de 2025 para financiar o evento.

O líder da bancada petista na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Antonio Donato (PT), afirmou que o governo estadual está retendo a verba por razões ideológicas. "Não é um evento para meia dúzia de pessoas", declarou Donato, criticando a falta de repasse. "O governo não está querendo pagar esse recurso por razões puramente ideológicas, e o acordo foi firmado pelo líder do governo", completou o parlamentar.

A Feira Nacional da Reforma Agrária é um dos maiores eventos de agroecologia do país e atrai anualmente centenas de milhares de visitantes. Com uma previsão de 300 mil participantes e mais de 1.700 produtos de agricultores familiares de todo o Brasil, a feira é vista como um espaço fundamental para a promoção da agricultura familiar e agroecológica. A verba destinada pelo governo estadual seria usada principalmente para cobrir custos operacionais, como o aluguel do Parque da Água Branca, que foi concedido à iniciativa privada em 2022.

O acordo entre o PT e o governo de Tarcísio foi fechado no final de 2023, quando os deputados Enio Tatto (PT) e Luiz Claudio Marcolino (PT), membros da Comissão de Orçamento, aceitaram incluir os R$ 5 milhões no orçamento estadual em troca da aprovação do plano orçamentário. Inicialmente, o governo de Tarcísio resistiu a direcionar recursos diretamente ao MST, mas cedeu, alocando a verba na Secretaria de Agricultura com a promessa de destinar o montante à realização da feira.

Por sua vez, o líder do governo na Alesp, deputado Gilmaci Santos (Republicanos), confirmou a existência do acordo, mas negou que haja um atraso deliberado no repasse da verba. “Nenhuma outra emenda foi paga ainda. A verba está contingenciada e não há tempo hábil para fazer um convênio”, justificou Santos. Ele acusou o PT de criar uma polêmica com fins eleitorais, chamando a atitude de "política muito baixa".

Este não é o primeiro episódio de tensão envolvendo a feira do MST em São Paulo. Em 2019, o então governador João Dória (PSDB) proibiu a realização do evento. A edição de 2020 foi cancelada devido às condições sanitárias impostas pela pandemia de Covid-19, e o evento de 2021 também não aconteceu. Somente em 2023, já sob o governo Tarcísio, a feira foi novamente autorizada a ocorrer.

Apesar do impasse sobre o repasse financeiro, os organizadores da feira afirmam que o evento ocorrerá, mesmo sem os R$ 5 milhões prometidos. No entanto, destacam que a falta de cumprimento do acordo prejudica a estruturação do evento. "O governo está usando de má-fé para desgastar um evento consolidado", afirmou um dos membros da organização, em referência à tentativa de deslegitimar a feira.

A expectativa é que o evento aconteça sem maiores contratempos, mas o clima de animosidade política certamente marcará esta edição, que já é tradicionalmente um palco de debates sobre a reforma agrária e a agroecologia no Brasil.

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