Política

PT pode ficar sem nenhuma prefeitura de capital

Será que não é a hora do partido começar a olhar mais para fora?

  • terça-feira, 28 de julho de 2020

Foto: Revista Fórum

PT

Por Renato Rovai, na Revista Fórum 

A situação do PT para a disputa das eleições municipais de 2020 não é pior do que a de 2016, mas engana-se quem a considera muito melhor.

Em 2016 o partido havia sido vítima de uma das campanhas mais arrasadoras da mídia brasileira, que levou ao golpe consumado com o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

A situação era de quase aniquilamento e isso o levou a perder perto de 2/3 dos prefeitos que elegeu em 2012. De 630 naquele ano, fez apenas 256 em 2016.

Tinha entre outras cidades, a mais importante do país, São Paulo. E no seu entorno, que chegou a ser chamado de cinturão vermelho, Guarulhos, Osasco, Carapicuíba, São Bernardo e Santo André, entre outras. Dessas, não sobrou uma sequer pra contar a história.

Hoje a maior cidade administrada pelo PT em São Paulo é a valente Araraquara, que tem 250 mil habitantes.

A situação não é diferente em outros estados do Sul e do Sudeste. Ficou apenas a lembrança dos tempos de glória.

Como lidar com isso é o que parece estar sendo difícil para o partido.

De um lado, a história de grandes conquistas. Do outro a realidade da qual se esperava mais.

Havia uma expectativa no partido que com o governo pífio de Bolsonaro o país lembraria dos tempos melhores do PT. Não é o que está acontecendo.

Em primeiro lugar, porque mesmo fazendo um governo desastroso, Bolsonaro se mantém com índices razoáveis de aprovação. Por outro lado, porque o eleitor parece mais resiliente para perdoar o partido pelos erros que ele considera que este cometeu.

Muitos dirigentes do PT já identificaram isso. Há um certo consenso no diagnóstico, mas na hora de decidir o que se vai fazer, são variados e contraditórios os caminhos.

E isso está levando o partido a tentar uma afirmação na marra. Lançando candidatos fracos e sem condições para a disputa em muitos lugares sem tentar buscar construir alianças projetando nomes que poderiam vir da sociedade civil e ter saído candidatos ou pelo próprio PT ou por outro partido progressista.

A decisão de se abrir pouco pra nomes de fora e se ensimesmar não foi por acaso. A máquina do PT funciona olhando muito mais pra dentro do que para fora.

O resultado disso é que o partido sai para a disputa com quadros internos e sem apresentar novidades para além das que já estavam precificadas, como Marília Arraes, que pode ser candidata em Recife, mas que ainda sofre resistências locais.

O que pode sobrar disso é o PT ficar sem eleger um prefeito de capital sequer. Há algumas chances, entre elas Recife. Mas mesmo assim muito menores do que em outros tempos. Será que não é a hora de o partido começar a olhar mais pra fora? Pra sua militância não-orgânica e que foi tão importante pra que pudesse ser o maior partido de esquerda do hemisfério? Pra essa eleição, esse momento já passou, mas para as próximas essa via da renovação não deveria ser desprezada.

Siga nas redes sociais

Deixe sua opinião: