Política

Protesto para fechar instituições é inconstitucional

A situação, que se configura em grande ameaça à democracia, tem como um de seus alvos principais o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia

  • sábado, 7 de março de 2020

Foto: Limpinho e CheirosoQuem vai golpear quem?
Quem vai golpear quem?

Os protestos do “F***-se!”, marcados para o próximo dia 15, em todos os estados, continuam na ordem do dia do governo Bolsonaro. Parecem ser a principal pauta oficial, no decorrer do atual momento dramático vivido pelo País, mergulhado numa profunda crise econômica e social. Espera-se, por parte de seus obscuros organizadores – ainda não se assumiram como tal –, que milhões de bolsonaristas ocupem ruas e avenidas com o objetivo de fazer com que as Forças Armadas fechem o Congresso Nacional.

É claro, bolsonaristas, vestidos com a camisa amarela da CBF, irão clamar também para que os militares fechem o Supremo Tribunal Federal (STF). Não se sabe, ao certo, se, nesse contexto absurdo, os tais manifestantes esperam que ao menos boa parte dos parlamentares e ministros do Supremo sejam “devidamente” presos, pois ficaria mais fácil manter os dois poderes fechados por algum tempo. O suficiente para que o presidente Jair Bolsonaro governasse com amplos poderes, para seu desgoverno. Seria o autogolpe.

A situação aberrante, que se configura em grande ameaça à democracia, tem como um de seus alvos principais o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), demonizado em todas as redes sociais, através de milhares de robôs, mas também por milhões de apoiadores de Bolsonaro. Ameaçado, agredido moralmente, apontado como o inimigo número um do Palácio do Planalto, Maia é acusado, veja só, de estar atuando para dar um golpe parlamentar, para destituir Bolsonaro por meio de um processo de impeachment.

Aposta na idiotização

As invencionices conspiratórias dos “ideólogos” do “F***-se” querem fazer crer que Maia trabalha para assumir o poder, como primeiro-ministro, após a implantação de um parlamentarismo, que se seguiria à deposição de Bolsonaro. Pura estupidez. Trata-se de uma mais uma tentativa de manipulação, através das redes sociais, já que além de ser uma calúnia, tal hipótese é inconstitucional e irracional. É uma aposta na idiotização da sociedade, pois, no caso de haver impeachment, quem assumiria o poder seria o seu vice.

Hamilton Mourão passaria a comandar o Brasil, que é, obviamente, uma nação presidencialista, portanto, quando o cair o chefe do Executivo, o vice-presidente da República é quem irá sucedê-lo. Então, inventar que o presidente da Câmara dos Deputados é o inimigo a ser batido – sabe-se lá sob que pontos de vista – é dobrar a aposta na ignorância dos bolsonaristas. Esse grupo inclui grandes empresários nacionais, já transformados em “celebridades” exatamente por seu engajamento nesse movimento golpista, inconstitucional.

Os convocadores dessas manifestações talvez não saibam, mas estão insuflando multidões incautas a participarem de um movimento totalmente ilegal, já que “fechar” o Congresso e o STF significa dar um golpe de estado. Logo, alega-se a necessidade de induzir as Forças Armadas, destinadas à garantia dos poderes constitucionais, a cometerem tal ato, para impedir um “golpe”, o do parlamentarismo. Meu Deus! Que tempos o País vive... O “F***-se!” fere o artigo 142 da Constituição e nesse sentido deveria ser proibido pela Justiça

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