Por que o bolsonarismo está em crise mesmo com a predominância da direita nas eleições municipais
Este bloco estará unido nas próximas eleições?

Em Manaus, um evento religioso reuniu cerca de 18 mil fiéis de diferentes denominações evangélicas e marcou a posição do deputado federal e líder da bancada evangélica, Silas Câmara (Republicanos), que descreveu o segundo turno das eleições municipais como uma “guerra espiritual” entre o bem e o mal. Câmara utilizou o palco para criticar Alberto Neto (PL), adversário do prefeito David Almeida (Avante), o que evidenciou as divisões dentro do campo bolsonarista no Amazonas.
Durante seu discurso, o parlamentar reforçou a ideia de que a disputa vai além da política: “Isso não é uma eleição, é uma guerra espiritual”. Para ele, a eleição é uma batalha entre “o inferno e Satanás” contra a “vontade de Deus”, e ele incentivou os fiéis a apoiar a reeleição de Almeida.
A eleição na capital amazonense trouxe uma situação peculiar: ambos os candidatos já foram apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas agora enfrentam um cenário de fragmentação dentro da direita e das lideranças evangélicas. Enquanto Bolsonaro declarou apoio a Alberto Neto, o Movimento Cristão de Direita a Favor da Liberdade, que congrega influentes lideranças evangélicas, manifestou apoio a David Almeida. Este, por sua vez, tenta aproximar-se do eleitorado evangélico, mesmo sem o endosso direto de Bolsonaro no segundo turno.
O pastor Adeilson Sales, presente no evento, criticou a falta de vínculo de Alberto Neto com uma igreja específica: “Desculpem falar, mas eu não sei de que igreja o outro [Alberto Neto] é. Como pastor, e estando cercado de pastores aqui, somos contra alguém se dizer cristão e não ter uma igreja, não ter uma cobertura, não ter um pastor. Cristão de verdade tem uma igreja para congregar e receber o direcionamento”.
O racha na base conservadora também se reflete em outras cidades. Em Goiânia, Bolsonaro apoia Fred Rodrigues (PL) em oposição ao candidato Sandro Mabel (União Brasil), defendido pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil), indicando uma possível fragmentação entre lideranças de direita para as eleições de 2026. Já em Curitiba, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) enfrenta a jornalista Cristina Graeml (PMB) em um cenário polarizado; enquanto Pimentel aposta no apoio de Deltan Dallagnol e no eleitorado evangélico, Cristina adota um discurso antissistema alinhado ao bolsonarismo raiz.
Essa divisão também ecoa em Porto Velho e Campo Grande, onde candidatos apoiados por Bolsonaro se opõem a nomes conservadores locais. A fragmentação do campo da direita em várias regiões levanta dúvidas sobre a unidade do bloco para as próximas eleições. Com informações do DCM.
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