Para descansar, eu quero só, esta cruz de pau, com chuva e sol, estes sete palmos e a Ressurreição!
O sepultamento de Dom Pedro Casaldáliga ocorreu na manhã de hoje (12) no Cemitério Iny

O sepultamento de Dom Pedro Casaldáliga ocorreu na manhã desta quarta-feira (12), às 10h, no Cemitério Iny (Karajá) à beira do Rio Araguaia, em São Félix do Araguaia, no Mato Grosso, onde seu corpo foi velado.
Foi Casaldáliga quem pediu para ser enterrado no “Cemitério Karajá”, como é chamada na região a área onde eram sepultados indígenas e trabalhadores sem terra que foram explorados e, muitas vezes, assassinados pelos grileiros de terras da região.
A situação dos trabalhadores e indígenas da região, oriundos de diversas partes do país, sempre mobilizou Casaldáliga, pela extrema pobreza e a violência a que eram submetidos pelos grandes fazendeiros, durante a ditadura militar. Essa cadeia de eventos foi amplamente denunciada pelo religioso.
O túmulo seguiu o pedido de Pedro: sete palmos da terra, sem cimento, cruz simples de madeira e uma placa com a primeira estrofe do poema Cemitério do Sertão.
Para descansar
eu quero só
esta cruz de pau
com chuva e sol,
estes sete palmos
e a Ressurreição!
Mas para viver
eu já quero ter
a parte que me cabe
no latifúndio seu:
que a terra não é sua,
seu doutor Ninguém!
A terra é de todos
porque é de Deus!
Para descansar.........
Mas para viver,
terra eu quero ter.
Com Incra ou sem Incra,
com lei ou sem lei.
Que outra Lei mais alta
já a Terra nos deu
a todos os pobres
sem voz e sem vez;
que os filhos da gente
são gente também!
Para descansar.......
Mas para viver,
terra exijo ter.
Dinheiro e arame
não nos vão deter.
Mil facões zangados
cortam pra valer.
Dois mil braços juntos
cercam terra e céu.
Para descansar......
Mas para viver,
terra e liberdade
eu preciso ter.
E não peço esmola
nem compro o que é meu.
A Sudam e o diabo
podem se vender:
gente não se vende,
nem se compra Deus!
Pedro Casaldàliga
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