Organizações médicas são como emas - não saem do chão - mas há uma diferença
No bolsonarismo os médicos são ameaçados, agredidos e intimidados

Fonte: DCM
Os médicos brasileiros viraram vítimas do bolsonarismo na pandemia.
Segundo o Estadão, pesquisa da Associação Paulista de Medicina mostra que metade de 2 mil entrevistados relatou pressão para dar remédios sem comprovação científica contra a covid-19.
Eles são ameaçados, agredidos e intimidados.
Uma intensivista de 32 anos pediu demissão do Hospital Geral de Vila Penteado, em São Paulo, após ser chamada de “assassina” por parentes de um paciente, a quem ela se recusou a prescrever cloroquina.
Extremistas pediram a morte do presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns, nas redes.
No Ministério da Saúde, o presidente demonstra seu desapreço pela classe e e pela ciência mantendo um general que não sabe geografia na cabeça da pasta.
Profissionais estão sendo obrigados a engolir a droga propagandeada por Bolsonaro. Em alguns casos, literalmente. Estão morrendo em casa em infarto.
“Queremos ficar longe dessa briga ideológica”, diz Arns.
Bem, agora é tarde.
Eles deixaram sua marca no golpe. Saíram às ruas de jaleco e nariz de palhaço. Xingaram os cubanos. O lobby funcionou a todo vapor.
Torceram pela morte de Marisa Letícia, abjurando Hipócrates.
Organizaram o enterro simbólico de Dilma e de Alexandre Padilha em Brasília.
Ajudaram a eleger um homem anti-Ciência, que odeia o estudo, a universidade e a vida.
Em maio, o país já tinha enterrado mais enfermeiros do que Itália e Espanha juntas. Nem os doutores que apostaram nas fake news e receitaram curas milagrosas escaparam da ceifadeira.
As entidades, tão presentes no impeachment com comunicados “contra a corrupção”, se acoelham, perdidas.
O Conselho Federal de Medicina, CFM, não recomendou o uso da hidroxicloroquina, mas o liberou. A Associação Médica Brasileira, AMB, deixou a decisão a cabo de cada profissional.
Lavou as mãos.
Quanta diferença.
Em 2016, o presidente da AMB, Florentino Cardoso, afirmou que “o Brasil estava à deriva por um governo e um partido mergulhado em corrupção, levando o país para um regime autoritário, caminhando para o bolivarianismo”.
Seu homólogo na CFM, Carlos Vital, declarou que, com Dilma fora, “existe afirmação de governabilidade, feita de modo coerente com o Estado Democrático de Direito”.
Após o grampo criminoso em Lula, a Fenam, Federação Nacional dos Médicos, lançou campanha contra a “crise política, econômica e moral” e manifestou apoio “total e irrestrito” ao então juiz Sergio Moro.
São como as emas — pássaros que não saem do chão.
Com a diferença de que as emas sabem muito bem reconhecer e tratar charlatões fascistas.
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