O piauiense Cláudio Roberto enfim recebeu sua medalha de prata das Olimpíadas de Sydney
Cláudio esperou exatos 7.379 dias, cujo final feliz ocorreu neste domingo, em São Paulo
Cláudio Roberto de Sousa devotou a maior parte de seus 47 anos de vida ao atletismo. Mas sua maior recompensa pelo esforço nas pistas só chegou às suas mão 20 anos, dois meses e 13 dias depois de conquistá-la. Na manhã de ontem, após o fim do Troféu Brasil de Atletismo, o ex-velocista enfim recebeu a medalha olímpica de prata pelo revezamento 4x100m brasileiro que deveria ter colocado no peito em 30 de setembro de 2000, durante as Olimpíadas de Sydney
A cerimônia que corrigiu a injustiça histórica se deu após as provas do Troféu Brasil de Atletismo. Claudinho, como é conhecido no meio do atletismo, teve a companhia dos quatro atletas que foram titulares naquele revezamento e que ganharam suas medalhas 20 anos atrás (Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Claudinei Quirino). Antes de receber a medalha, Claudinho ainda correu na pista ao lado dos amigos, em um revezamento simbólico em homenagem à marca.
- A medalha chegou, agora é curtir o momento. Na verdade, já venho curtindo esse momento há alguns meses. Mas, agora, com a medalha no peito. Agora é exibi-la, é olhar para ela, beijar, pegar. Agora, sim, posso mandar fazer meu quadro de medalhas. Não tinha feito ainda porque não tinha sentido, uma estava faltando - disse o medalhista.
O piauiense deixou a cidade de Teresina, onde mora, no começo da tarde de sábado. Tomou um voo para São Paulo ao lado de sua mulher, Carla, e chegou à capital paulista no final da tarde. Ao chegar ao hotel onde se hospedou, fez um teste para detecção de Covid-19 e reencontrou rapidamente os quatro companheiros de revezamento 4x100m de Sydney.
Na manhã de ontem, chegou cedo à pista do Centro Olímpico, pouco depois das 9h, e acomodou-se na arquibancada enquanto esperava pela solenidade que o tornaria um medalhista olímpico de fato. Enquanto acompanhava as provas e se preparava para seu grande momento, repassou imagens daquele dia em Sydney e da espera por anos e anos.
Naquela final do 4x100m de Sydney 2000, o Brasil, com Vicente, Edson, André e Claudinei, cravou o tempo de 37s90 conquistou a medalha de prata, atrás dos Estados Unidos (37s61) e logo à frente de Cuba (38s04). Mesmo sendo reserva e tendo corrido apenas a eliminatória da prova, no dia anterior Cláudio teria direito à medalha. Só não foi ao pódio naquele momento porque o protocolo restringe a cerimônia aos quatro atletas que correm a final.
Cláudio esperou exatos 7.379 dias, cujo final feliz ocorreu neste domingo, em São Paulo.
Quando o quarteto brasileiro do 4x100m subiu ao pódio para receber as medalhas de prata nas Olimpíadas de Sydney, Cláudio foi informado de que ganharia a dele "nos bastidores". Porém, como a equipe partiria de volta para o Brasil no dia seguinte para comemorações e homenagens, o piauiense acabou avisado por autoridades da delegação do país que deveria receber a distinção em solo nacional.
O velocista chegou ao país, participou de festejos em carro aberto e solenidades, ganhou reconhecimento. Foi incluído em um programa da Caixa Econômica Federal, empresa que patrocina o atletismo brasileiro, chamado "Heróis Olímpicos". Seu nome passou a constar da relação de medalhistas nos sites oficiais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e do COB (Comitê Olímpico do Brasil).
A medalha, porém, demorou a chegar às suas mãos.
A medalha chegou ao COB em agosto, e no meio tempo foi pensada uma maneira de entregá-la com alguma pompa a Cláudio em que pesem todas as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. A opção encontrada foi fazê-lo durante o Troféu Brasil de Atletismo, que terminou neste domingo.
É PRATA! É PRATA! É PRATA! ?
— Time Brasil (@timebrasil) December 13, 2020
Claaaaaaudio Robeeeerto é do ??!
20 anos depois, o nosso velocista enfim recebeu sua medalha olímpica.
4x100 histórico, com Vicente Lenilson,Edson Luciano, André Domingos e Claudinei Quirino.
Orgulho demais! ??? pic.twitter.com/pIHXOpTUEG
Deixe sua opinião: