Nikolas e o tráfico de drogas
Pedro Roussef traz mais uma informação que seria, com certeza, utilizada pelo gabinete do ódio bolsonarista para construir uma história contra seus adversários

Por Oliveiros Marques, jornalista no 247
Você provavelmente esbarrou por aí - numa notinha de rodapé, num canto esquecido de algum portal de notícias - com a informação de que o primo do deputado Nikolas Ferreira (PL) foi preso com mais de 30 kg de drogas, entre maconha e cocaína, no porta-malas do carro. Para quem age com a mesma moral oportunista, golpista e criminosa de certos personagens da nossa política, isso já seria suficiente para tirar conclusões rápidas e convenientes. Mas, por sorte dele, este espaço não compartilha dessa moral.
O tal primo - preso e acusado de tráfico de drogas - é filho de um dos tios de Nikolas Ferreira que, por coincidência ou não, já foi secretário municipal numa cidade de Minas Gerais que, adivinhe só, foi contemplada com emendas parlamentares enviadas pelo próprio Nikolas. Um deputado sempre diligente quando o assunto é ajudar a família, afinal, é devoto de pátria, Deus e família. E já dá para imaginar o roteiro que o tal gabinete do mal escreveria: deputado repassa emendas ao tio; tio ocupa cargo público; filho do tio investe no tráfico internacional de drogas. Tudo em família.
Mas o vereador Pedro Roussef, de Belo Horizonte, traz mais uma informação que seria, com certeza, utilizada pelo gabinete do ódio bolsonarista para construir uma história contra seus adversários. Em vídeo publicado nas redes sociais, Roussef traz um ingrediente ainda mais sinistro ao roteiro: lembrou que Nikolas vem de uma região da capital mineira que, após sua eleição como deputado federal, começaram a surgir denúncias de que seria dominada por uma facção narcopentecostal, que mistura tráfico e religião, usando a bandeira de Israel como símbolo. “É o tráfico que ora antes da execução, que batiza com fuzil em punho e que domina o território com Bíblia e bala”, crava o vereador.
E por que estamos falando disso tudo agora? Porque, no mesmo vídeo, Pedro Roussef faz um alerta necessário. Lembra daquela proposta do governo federal para regulamentar o Pix com o objetivo de combater a lavagem de dinheiro, especialmente da corrupção e do tráfico? Aquela que Nikolas prontamente atacou em vídeo, distorcendo os fatos e se posicionando contra, como se estivesse “chupando a verdade”? Pois é. Qual seria o verdadeiro interesse por trás dessa oposição tão fervorosa a uma medida que visa aumentar a transparência das operações financeiras?
Talvez o interesse estivesse justamente em proteger os amigos traficantes, os aliados criminosos, e garantir que o dinheiro siga fluindo livremente - sem rastros. Mas quem estaria escrevendo uma “narrativa” nessa linha? O velho gabinete do ódio, aquele que operava no governo que Nikolas idolatrava, e que agora atua diretamente do exílio nas terras do tio Sam.
Seria o mesmo modus operandi de sempre: espalhar fake news, criar versões, plantar mentiras. Mas os que ainda prezam pela política feita com responsabilidade republicana, com certeza não tratarão a emenda destinada ao tio, a prisão do primo, e a atuação parlamentar de Nikolas como um esquema engendrado de desvio de recurso público para o financiamento de atividades ilícitas, muito menos de tráfico de drogas que tanto destroem as famílias. No máximo, aqueles que tanto são atacados pelas fake news da turma do chupetinha devem pedir um follow the money. Mas que pelo menos esse caminho seja traçado com precisão: do primo, ao tio, passando pela emenda e chegando, claro, ao próprio deputado.
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