Movimento ocupa rede de supermercados Carrefour por um 'Natal sem fome'
MLB busca evidenciar a falta de comida para as famílias pobres durante esta época do ano
BdF - O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocupou, neste sábado (9), unidades da rede de supermercados Carrefour em diversos estados do Brasil. A ação faz parte da mobilização "Natal sem fome" do movimento, que busca evidenciar a falta de comida para as famílias mais pobres durante este período do ano.
"Nesta época do ano, é comum assistirmos pela TV cenas de mesa farta e presentes nas reuniões familiares. Mas a verdade é que grande parte das famílias brasileiras passará o Natal com fome ou sem a certeza de um prato de comida em todas as refeições", denunciou o MLB.
Houve registros de mobilização em São Paulo, Natal, Belém, Fortaleza, Belo Horizonte, Salvador, Aracaju e Rio de Janeiro. A estratégia do movimento ao ocupar a rede de supermercados é para denunciar o desperdício de alimentos nestes estabelecimentos e os crimes de racismo e homofobia registrados nestas unidades nos últimos anos.
"O Carrefour carrega nas mãos o sangue de João Alberto, homem negro que foi espancado e asfixiado até a morte em uma loja da rede em Porto Alegre. E quem não se lembra do caso do Seu Moisés, promotor de vendas do Carrefour de Recife, que faleceu durante o trabalho e teve seu corpo coberto por guarda-sóis até o fim do expediente?", recorda o MLB, em outra postagem nas redes sociais.
"Estamos aqui reivindicando cestas básicas para as famílias que nesse natal não terão o que comer e também denunciando não apenas essa rede, mas tantas outras que lucram em cima da miséria do povo!", escreveu o MLB em uma das postagens nas redes sociais.
O ato alerta para a concentração de riqueza e a desigualdade social no país. O MLB também justificou as ocupações do Carrefour pelo fato de a empresa apoiar os ataques de Israel contra o povo palestino.
"A rede também está apoiando a continuidade dos ataques e genocídio do estado de Israel contra o povo palestino. Nos últimos meses, abriram filiais em território ocupado ilegalmente e em novembro fizeram doações de milhares de mantimentos para os soldados israelenses, enquanto que para as famílias pobres negam um simples prato", pontuou o movimento.
"Não é justo que o grupo tenha tido um lucro líquido, nos primeiros quatro meses de 2022, de R$550 milhões de reais, enquanto que o povo passa fome", denunciou o MLB, em postagem nas redes.
Em nota, o Carrefour afirmou que foi "surpreendido" este ano pela manifestação do movimento porque não foi procurado pelas lideranças do MLB para uma negociação. Disse que tem mantido diálogo aberto com as lideranças do MLB, com quem "tem contribuído anualmente, toda vez que as respectivas lideranças" procuraram a administração do grupo.
A empresa também afirmou que "o combate à fome e à desigualdade é um dos pilares prioritários do Grupo, compromisso mantido com inúmeros parceiros que têm dialogado com a empresa de forma permanente, em todas as regiões do País. Somente este ano doamos mais de 3.600 toneladas de alimentos, equivalente a mais de 14 milhões de refeições complementares".
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