Moradores de SP estão há mais de 20h sem energia. Temporal deixou 6 mortos
Demora no restabelecimento da energia tem estragado alimentos e impedido que famílias inteiras cuidem de doentes e recém-nascidos
Vários moradores da cidade de São Paulo e da Região Metropolitana estão há mais de 20 horas sem energia elétrica por conta do temporal que atingiu a região na tarde desta sexta-feira (3).
Além de causarem a morte de ao menos seis pessoas, as chuvas fortes também geraram diversos estragos e quedas de árvores sobre a fiação elétrica, o que tem dificultado o trabalho de restabelecimento de luz na capital paulista e nas cidades da Grande SP.
Por causa da falta de luz, moradores tem narrado neste sábado (4) diversos problemas para cuidarem de familiares doentes, crianças e idosos.
A Paloma Carvalho Santos é moradora de Diadema, na Grande SP. Desde às 16h30 da sexta (3) o bairro de Taboão, onde ela vive com a mãe doente, está sem energia elétrica, por causa queda de um telhado sobre a fiação elétrica na região.
Ela tenta contato com a concessionária Enel para restabelecer a energia, mas não consegue sequer ser atendida na central telefônica da empresa.
“O telefone nem chama. Fala que está fora de área ou desligado. Dá a entender que a empresa não está atendendo. Na minha rua tem bastante idosos e recém-nascidos. No meu caso, minha mãe é acamada. E eu não consigo fazer a movimentação da cama elétrica dela. E isso é ruim pra ela. Não consigo levantar a cama pra ela poder comer”, disse Paloma.
“A comida precisa de microondas para aquecer e ela está desde ontem sem banho, por causa da falta de energia. Agora são 09h30 e continuamos sem uma satisfação da empresa sobre quando a situação vai se normalizar”, disse a moça.
O que diz a Enel
Por meio de nota, a concessionária Enel disse que reforçou as equipes em campo, nos canais de atendimento e no centro de controle e “está trabalhando de forma ininterrupta para normalizar o fornecimento de energia para todos”.
Segundo a empresa, as regiões que mais sofrem com a falta de luz são as zonas Sul e Oeste da capital, e que a companhia está avaliando a extensão dos danos causados.
“Devido a complexidade do reparo e a necessidade de reconstrução de trechos da rede, em alguns casos, o restabelecimento da energia será de forma gradual e, em alguns casos, pode levar mais tempo., disse a Enel.
A empresa orienta que os clientes que estejam sem luz a priorizem os canais digitais da companhia por meio do app Enel São Paulo e agência virtual do site: www.enel.com.br.
Segundo a prefeitura da capital, até o início da tarde deste sábado (4) cerca de 76 árvores tinham caído na cidade por causa do temporal. Desse total, 43 já tinham sido removidas das ruas até o fim da manhã.
Recém-nascido na Zona Norte
O Guilherme Elias tem um bebê recém-nascido e está sem energia há mais de 18 horas, por causa justamente da queda de uma árvore em cima da rede elétrica da rua Padre Cícero de Revoredo, na Vl. Albertina, Zona Norte, onde ele vive com a família.
Elias contou que ficou mais de 2 horas tentando falar com a central da Enel para ter uma posição sobre o restabelecimento da luz e não teve sucesso.
“Eles só me enviaram um e-mail dizendo que tem mais de 800 chamados de queda de árvore na cidade e talvez o telefone não atenderia. E assim estamos, mais de 15 horas sem energia. As carnes na parte de baixo [da geladeira] já descongelaram e acho que nem dá pra utilizar. É torcer para que no freezer não estrague mais nada. Com bebê fica mais difícil, porque à noite, sem luz nenhuma, o menino chora pra caramba se tiver muito escuro. Se não tiver vela...", contou.
Morumbi sem banho
Na casa da família Soares Scardino, no bairro do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, a falta de energia há mais de 17 horas também tem estragado alimentos e impedido a vida normal do casal, que tem um filho menor de idade.
“Sou celíaca, não como glúten, e os meus alimentos são todos bem caros e congelados. A gente teve que levar esses alimentos para o freezer da geladeira do prédio, que está funcionando com gerador. Temos um almoço mais tarde e vamos ter que tomar banho na casa da minha mãe ou da minha sogra”, disse a gerente de canais Débora Scardino.
“O mais perplexo é realmente com o descaso. Porque a gente liga, mas todos os meios de comunicação da Enel não estão funcionando. E a gente não tem uma previsão de quando vai voltar a energia”, completou.
Mortes e estragos
As chuvas fortes que caíram em boa parte do estado de São Paulo na tarde desta sexta-feira (3) deixaram ao menos seis mortes no estado, segundo levantamento da Defesa Civil.
Várias bairros da capital paulista e de cidades de Região Metropolitana continuam sem energia elétrica, mais de 12 horas depois do temporal, em virtude das quedas de árvores sobre a fiação elétrica e postes.
Desde a tarde de sexta (3), as Defesas Civis do estado e o Corpo de Bombeiros registraram mais de 2.000 chamados para ocorrências relacionadas às chuvas em 40 municípios paulistas.
Os seis óbitos, segundo a Defesa Civil, estão relacionados justamente às causas da chuva, como queda de árvores, muros e paredes. As mortes ocorreram nas seguintes cidades:
São Paulo – 2 pessoas faleceram na Zona Leste em virtude de queda de árvore sobre veículos na Av. Eduardo Sabino de Oliveira;
Osasco – 1 pessoa morreu após a queda de uma árvore sobre um muro, que também atingiu um veículo na Av. Luís Rink;
Santo André – 1 pessoa morreu após a queda da parede do 18º andar de prédio em construção na na Rua Mendes Leal;
Limeira – 1 morte causada pela queda de um muro sobre pessoa no bairro Marajoara;
Suzano - 1 morte causada pela queda de uma árvore sobre a pessoa na Av. Antônio Marques Figueira, Vila Adelina.
As fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana durante a tarde provocaram muitos estragos e alagamentos. Houve mais de mil chamados para quedas de árvores na região metropolitana, dois chamados para enchentes e 46 para desabamento/desmoronamento (leia mais abaixo).
Exemplo disso foi o que aconteceu no Jd. Helena, na Zona Leste de São Paulo, onde a chuva forte derrubou árvores sobre diversos veículos na Avenida Eduardo Sabino de Oliveira.
Até viaturas da Força Tática, da Polícia Militar de São Paulo, foram atingidas. A árvore atingiu a fiação elétrica local e os bombeiros foram acionados para atender a ocorrência, que deixou dois mortos e cinco feridos.
Os feridos foram socorridos com escoriações no Pronto Socorro do Hospital Tide Setubal.
Mais de 1 mil chamados
Durante a tarde, o Corpo de Bombeiros recebeu 1.281 chamados para quedas de árvores na capital paulista, após as 16h. A Prefeitura de São Paulo disse que cerca de 1.900 homens da limpeza divididos de 190 equipes estão trabalhando nas ruas da cidade para reverter os estragos da chuva.
"A Prefeitura trabalha desde o início do temporal que atingiu a cidade na tarde desta sexta-feira (3) para restabelecer a normalidade na capital. De 94 semáforos inoperantes às 20h de sexta-feira, 77 já haviam sido restabelecidos às 6h deste sábado (4); houve 618 chamados por falta de iluminação pública às 17h, e 523 haviam sido consertados até as 6h; das 76 árvores que caíram, 43 já haviam sido removidas", afirmou.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse nas redes sociais que a cidade passou por um período excepcional de chuva por quase duas horas, onde as rajadas de vento atingiram 104 km/h.
“A chuva que caiu na Capital, na Região Metropolitana e Baixada Santista hoje foi excepcional. A capital paulista ficou em estado de atenção por quase 2 horas. Tivemos rajadas de ventos, em alguns locais, como na região de Congonhas que chegou a 104 km/h. Estou acompanhando às equipes, constitui um grupo de trabalho e estaremos todos empenhados para que a Cidade retome a sua normalidade o quanto antes”, escreveu Nunes.
Com informações do G1
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