Lula peita mercado e descarta mexer no BPC e benefícios sociais
Reduzir recursos para saúde e educação também não está nos planos do presidente
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou mais uma reunião na quinta-feira (7) para discutir o pacote de corte de gastos públicos, com o objetivo de cumprir as metas do arcabouço fiscal. Apesar de ainda haver pontos a serem definidos, uma questão já está clara: não haverá desvinculação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo, nem cortes em benefícios sociais.
Segundo fontes que participaram da reunião, Lula rejeitou completamente as pressões do mercado financeiro, que defendia a desvinculação do BPC do salário mínimo. O BPC é uma assistência mensal de um salário mínimo paga a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência de baixa renda, destinada a garantir a subsistência mínima desse público. Além disso, o governo também descartou a possibilidade de cortar aposentadorias.
O ministro da Assistência Social, Wellington Dias, reforçou que o pacote de corte de gastos não afetará os beneficiários do Bolsa Família ou do BPC. “Não vamos cortar nenhum benefício de quem tem direito ao Bolsa Família e ao BPC. Pelo contrário: a ordem do presidente Lula é garantir os direitos de quem tem direito”, afirmou ao jornal *Folha de S. Paulo*.
Lula, ainda de acordo com fontes da reunião, afirmou que não tem interesse em reduzir os orçamentos das áreas de saúde e educação – outra demanda de setores do mercado financeiro, que sugerem tais cortes como forma de equilibrar as contas públicas. Alguns representantes do Ministério da Saúde saíram da reunião satisfeitos com a postura do presidente.
Uma nova reunião entre Lula e sua equipe ministerial está agendada para esta sexta-feira (8), com o objetivo de afinar as últimas medidas do ajuste fiscal, para que o pacote de cortes seja anunciado nos próximos dias.
Lula critica Congresso, empresários e mercado financeiro
Em um movimento mais firme, Lula também subiu o tom em relação às pressões do Congresso Nacional, do setor empresarial e do mercado financeiro sobre o ajuste fiscal. Durante esta semana, o presidente se reuniu com sua equipe econômica para discutir o corte de gastos, especialmente em despesas obrigatórias, para cumprir as exigências do arcabouço fiscal. Contudo, Lula deixou claro que não cederá a essas pressões, principalmente no que diz respeito a áreas essenciais como saúde, educação, salário mínimo e aposentadorias.
Em uma entrevista concedida aos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF) nesta quarta-feira (6), Lula questionou se os parlamentares e empresários estariam dispostos a abrir mão de alguns privilégios para colaborar com o ajuste fiscal. A íntegra da conversa será transmitida no domingo (10) pela RedeTV.
"Quero saber o seguinte: se eu fizer um corte de gastos para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, o Congresso vai aceitar reduzir emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal? Porque não é só tirar do orçamento do governo. E os empresários que vivem de subsídios, vão aceitar abrir mão um pouco desses subsídios para ajudar a equilibrar a economia brasileira? Eu não sei se eles vão aceitar", desafiou o presidente.
Lula também criticou duramente o mercado financeiro e afirmou que não cortará recursos das áreas que afetam diretamente a população mais vulnerável. “Eu conheço bem o discurso do mercado, a ganância especulativa do mercado... Não podemos mais permitir que, toda vez que se precise cortar algo, a conta recaia sobre as pessoas mais necessitadas”, afirmou, reafirmando sua disposição de proteger os programas sociais e áreas essenciais.
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