Hugo Motta: vovó afastada, mamãe presa e papai condenado por corrupção
Este é o homem que fala em moral na admistração pública ao emparedar Lula

Hugo Motta (Republicanos-PB), atual presidente da Câmara dos Deputados, não é apenas um nome emergente da política nacional. Ele é o herdeiro direto de uma oligarquia familiar que há décadas domina a política no sertão da Paraíba, mais especificamente na cidade de Patos. Sua ascensão à presidência da Câmara marca o ápice de uma linhagem marcada por poder, influência e uma série de denúncias de corrupção.
Enquanto o presidente Lula tenta empurrar o país para uma política tributária mais justa, cobrando impostos dos mais ricos para aliviar o peso sobre os mais pobres, é Hugo — filho, neto e bisneto de políticos paraibanos — quem barra essa agenda em nome dos interesses de um Congresso dominado por lobbies e fisiologismo.
A família Motta transformou Patos em um reduto eleitoral e administrativo próprio, com raízes profundas desde a década de 1950. O avô do atual presidente da Câmara, Nabor Wanderley da Nóbrega, foi prefeito da cidade entre 1956 e 1959. A avó, Francisca Motta, conhecida como “Chica Motta”, comandou a cidade anos depois e chegou a ser apontada como chefe de um esquema que atravessava secretarias e municípios vizinhos. A mãe, Ilanna Motta, e o pai, Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, também ocuparam cargos de destaque. Todos, em algum momento, foram alvos de investigações ou condenações.
Em 2016, a Operação Veiculação da Polícia Federal escancarou a estrutura desse clã. A investigação atingiu diretamente a mãe de Hugo Motta, Ilanna, presa preventivamente sob acusação de envolvimento em fraudes com recursos federais destinados a programas como Fundeb, PNATE e Saúde. Ela atuava como chefe de gabinete da prefeita da cidade na época — sua própria mãe, Francisca Motta, também afastada do cargo. O esquema, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), envolvia direcionamento de licitações, superfaturamento de contratos e desvio de verbas públicas — somando mais de R$ 11 milhões.
O pai de Hugo, Nabor Filho, também coleciona acusações. Condenado por improbidade administrativa em 2013, ele teve seus direitos políticos suspensos, mas recorreu e, em 2024, voltou ao poder: foi eleito novamente prefeito de Patos. Em delação premiada de 2016, o empresário José Aloysio da Costa Machado Neto, dono da Soconstrói, relatou que Nabor exigia propina de 10% em contratos de obras públicas, beneficiando um grupo político que incluía sua esposa Ilanna, sua mãe Francisca, o filho Hugo Motta e aliados da região. As obras eram realizadas por empresas de fachada, e os contratos direcionados alimentavam financeiramente a estrutura do clã.
Apesar desse histórico, Hugo Motta construiu uma imagem de parlamentar articulado e disciplinado em Brasília. Mas seu poder atual se sustenta num Congresso de viés fisiológico, onde interesses empresariais, banqueiros e grandes ruralistas encontram respaldo. Foi com esse capital que Hugo, recém-eleito presidente da Câmara, desferiu um golpe político contra o governo Lula, conduzindo a derrubada de medidas como a tributação sobre o IOF — que visava justamente aumentar a arrecadação sobre o capital financeiro, preservando a renda dos mais pobres.
Enquanto Lula tenta redistribuir a carga tributária para cima, taxando quem tem mais, Hugo Motta atua como avalista de um modelo que preserva os mais ricos e penaliza os mais vulneráveis. A ironia é que esse freio à justiça fiscal venha justamente de alguém cuja família foi investigada por desviar recursos de programas sociais.
O filho de uma mãe presa pela Polícia Federal, de um pai condenado por corrupção e de uma avó afastada da prefeitura por improbidade, Hugo Motta chegou ao topo do poder legislativo brasileiro. E o fez não como reformador, mas como guardião de um sistema que beneficia os mesmos que, segundo a CGU e o MPF, sua família sempre serviu: os que lucram com o dinheiro público e pagam pouco ou nada por isso.
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