Diversidade

Google retira eventos LGBTQ+ e culturais da agenda online

A multinacional norte-americana anunciou que retirou os eventos da comunidade LGBTQ+ no serviço de calendário online, alegando que se “tornou insustentável”


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Google retira eventos LGBTQ+ e culturais da agenda online

O Google Calendar anunciou recentemente a retirada de diversos eventos culturais e comemorativos de sua agenda online, incluindo o Mês do Orgulho LGBTQ+, que ocorre em junho. Além deste, outros eventos importantes, como o Mês da História Negra (fevereiro), o Mês do Povo Indígena (agosto), o Mês da Herança Judaica (maio), o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto (27 de janeiro) e o Mês Nacional da Herança Hispânica (15 de setembro a 15 de outubro) também foram excluídos da plataforma. A decisão gerou repercussão e críticas, especialmente dentro da comunidade LGBTQ+, que interpretou o movimento como um retrocesso nas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) da gigante tecnológica.

Michele Wyman, porta-voz do Google, justificou a mudança, alegando que "manter centenas de momentos culturais e inseri-los manualmente tornou-se insustentável". De acordo com Wyman, a empresa passou a adotar, a partir de 2024, apenas os feriados públicos listados no site timeanddate.com, permitindo aos usuários inserir eventos de relevância pessoal por conta própria. A mudança gerou uma onda de descontentamento, com muitas pessoas associando a retirada dos eventos culturais ao alinhamento da Google com a administração de Donald Trump, que tem criticado abertamente políticas de DEI em grandes corporações e redes sociais.

O fato de a Google tomar essa postura não é inédito, já que mudanças semelhantes ocorreram desde a chegada de Trump à Casa Branca. Um exemplo recente foi a alteração no Google Maps, que, em janeiro de 2025, mudou o nome oficial do Golfo do México para Golfo da América. Essa modificação seguiu uma das primeiras ordens executivas do ex-presidente, em 2017, que visava alterar o nome do maior golfo do mundo. A decisão gerou controvérsias, mas a Google afirmou que a alteração afetaria apenas usuários nos Estados Unidos, enquanto no México, o nome original permaneceria. Em outros locais, seria possível visualizar ambos os nomes.

A decisão da Google de retirar eventos culturais e mudar suas políticas de diversidade também reflete uma tendência mais ampla no setor corporativo. Outras grandes empresas, como Meta (Facebook), Amazon, McDonald's, Pepsi e Walmart, também recuaram em suas iniciativas de DEI nos últimos anos, em resposta ao clima político criado pela administração Trump. Muitas dessas companhias têm adotado um posicionamento mais neutro em questões culturais e sociais, evitando ações que possam gerar divisões políticas ou sociais.

No entanto, a Apple tem se mantido firme em suas políticas de DEI, desafiando a tendência. Em uma decisão recente, o conselho de administração da Apple se posicionou contra qualquer tentativa de alteração em suas políticas de diversidade, equidade e inclusão, deixando claro que a empresa não recuaria em seu compromisso com esses valores.

A decisão do Google gerou intensos debates sobre o papel das grandes corporações na promoção de causas sociais e culturais, especialmente em um contexto político polarizado. Enquanto algumas empresas optam por adotar uma postura mais cautelosa, outras, como a Apple, continuam a defender abertamente a inclusão e a diversidade. A pressão sobre as corporações para que se posicionem em relação a questões sociais e culturais permanece uma pauta importante, refletindo as tensões em torno de políticas públicas e a crescente polarização nos Estados Unidos.

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