Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo, um dos mais importantes intelectuais quilombolas do Brasil, será homenageado com o nome de uma escola municipal no Rio de Janeiro. A iniciativa, proposta pela vereadora Thais Ferreira (PSOL) e aprovada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), visa reconhecer a trajetória do ativista e escritor, que faleceu em dezembro de 2023.

Quem foi Nêgo Bispo

Nêgo Bispo nasceu em 10 de dezembro de 1959, no Vale do Rio Berlengas, antigo povoado Papagaio, hoje município de Francinópolis, no Piauí. Quilombola e agricultor, foi formado pelos mestres e mestras dos saberes tradicionais, e viveu no quilombo Saco do Curtume, no semiárido piauiense, a cerca de 500 km de Teresina. Sua vida foi marcada pela atuação política e pela militância em defesa dos direitos das comunidades quilombolas, além da luta pela terra.

Reconhecido como um importante parceiro da rede de mestres e mestras dos conhecimentos tradicionais, Bispo lançou seu primeiro livro, Colonização e Quilombos, em 2015, em parceria com o INCTI. A obra reflete criticamente sobre os impactos da violência colonial sobre a população quilombola e introduz conceitos significativos, como o de "confluência", criados pelo mestre. O livro teve uma segunda edição em 2019, expandindo as ideias que Nêgo Bispo apresentou ao público.

Desde as primeiras edições do Projeto Encontro de Saberes, Nêgo Bispo esteve presente, promovendo o diálogo entre o conhecimento acadêmico e os saberes quilombolas em sala de aula. Sua obra e trajetória demonstram a importância da memória, da identidade e das práticas culturais quilombolas no fortalecimento das comunidades, na afirmação de direitos e na formação de pessoas dentro e fora da universidade.

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