Em 2020 a esquerda deve priorizar a eleição parlamentar, vereadores são vaqueiros do povo
Após uma temporada de ausência decorrente de questões profissionais, volto em 2020 e escolho discutir sobre a necessidade de fortalecimento de nossas bandeiras de luta nas eleições municiais de outubro deste ano. Diante das inúmeras derrotas sofridas nos últimos processos eleitorais, a esquerda brasileira não pode “dar-se ao luxo” de errar. Desta forma, nosso artigo de hoje tem o intuito de discutir um pouco sobre o contexto atual, a carência de representatividade e o grande desafio das eleições de 2020.
Inicio descrevendo uma analogia que aprendi com meu compadre e amigo, Professor Gildon. Certa vez, em uma de nossas caminhadas políticas, tive a “audácia” e o prazer de, ao lado de meus companheiros do PT de Floriano, lançar uma pré-candidatura a prefeito. Em um certo dia nas “andanças” de pré-campanha estávamos, meu compadre e eu, conversando sobre estratégias e ele veio com a seguinte frase: “ Cadê os vaqueiros? Sem vaqueiro a gente não consegue pastorar a terra toda não”. Depois de algumas “gaitadas”, entendi que “os vaqueiros” eram na verdade os candidatos à vereador e que, mesmo com o empenho de todos os nossos companheiros, ainda precisávamos fortalecer nosso time. Com o intuito de não me alongar muito, deixarei o restante dessa história para uma outra oportunidade.
Dito isto, precisamos fazer uma breve análise de conjuntura. Inicialmente cabe destacar que o Brasil de 2020 tem 75% da população que não gosta de nenhum partido político (Datafolha), além de um crescente aumento do neopentecostalismo e uma significativa parcela da população descrente do sistema político, tudo isso banhado por uma onda de desemprego e empobrecimento da população. Como se não bastasse, olhamos para os representantes e, via de regra, não enxergamos sólidas bandeiras de luta.
Pois bem, infelizmente o olho do furacão de tudo isto está “no gueto”. Categoricamente é a periferia que sofre com toda essa mudança estrutural e conjuntural do Brasil, e é nela que presenciamos um enlouquecido e angustiante silêncio. Nesse cenário precisam-se erguer vozes capazes de lutar pelos seus pares, e de ecoarem contra a injustiça. Mais do que nunca, em um Brasil onde cai o apoio popular à democracia, devemos lutar para construir um parlamento com a cara e o sentimento do seu povo. Mais do que prefeitos e prefeitas, agora precisamos de vaqueiros e vaqueiras, homens e mulheres que representem o campo, o movimento negro, as religiões de matriz africana, os LGBTs, mas também precisamos de vaqueiros e vaqueiras que representem os grupos, as igrejas e principalmente a juventude, que nasceu nas melhores décadas do nosso país e precisa ser ouvida em seus novos anseios, mas sobretudo, ser informada sobre as grandes transformações e conquistas que tivemos.
Assim, as construções dos projetos de esquerda em 2020 deve priorizar as eleições de vereadores e vereadoras com o compromisso de usarem suas tribunas como instrumentos que ecoem a voz da periferia. Logicamente, precisamos centrar forças no executivo nas candidaturas viáveis, mas diante de um “gueto” que está sem voz, devemos ter em mente que somente os vaqueiros podem resgatá-la.
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