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Em 20/01/1567, as praias do Rio de Janeiro ficaram tingidas de sangue indígena

A chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, marcou o início de um processo brutal de exploração e extermínio dos povos indígenas


Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios

"O Último Tamoio", tela pintada por Rodolfo Amoedo, retratando a morte do guerreiro Aymberê. Há 457 anos, em 20 de janeiro de 1567, os colonizadores portugueses derrotavam os guerreiros indígenas durante a Batalha do Rio de Janeiro, pondo fim à Confederação dos Tamoios.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

A chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, marcou o início de um processo brutal de exploração e extermínio dos povos indígenas. Os colonizadores estabeleceram diversas estratégias para subjugar os nativos e forçá-los ao trabalho escravo nos engenhos e nas lavouras.

O estabelecimento de alianças com algumas nações indígenas, que eram então incitadas a guerrear com outros povos nativos, era uma estratégia recorrente. Foi o que fez, por exemplo, o português João Ramalho, ao se casar com Mbici, a filha do cacique Tupiniquim Tibiriçá.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

A aliança estabelecida por João Ramalho com os Tupiniquins permitiu a expansão do domínio português na Capitania de São Vicente (hoje São Paulo), neutralizando a resistência dos Tupinambás.

Com a expansão colonial no Sudeste, os Tupinambás, nação indígena predominante no litoral, se tornaram alvos preferenciais dos colonizadores, sendo capturados e forçados ao trabalho escravo. É o caso do cacique Kayruçu e de seu filho, Aymberê,...

...ambos aprisionados nas fazendas de Brás Cubas. Kairuçu morreu no cativeiro, vitimado pelos maus tratos dos escravagistas, mas Aymberê conseguiu fugir. Após retornar para sua aldeia, Aymberê assumiu a liderança de seu povo e declarou guerra aos colonizadores portugueses.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

Aymberê iniciou a formação de um exército para lutar contra os invasores europeus e se esforçou para obter a adesão dos outros líderes das aldeias Tupinambás ao levante. Conquistou de imediato o apoio de Pindobuçu, Cunhambebe e Koakira.

Também obteve a adesão de outras nações indígenas, como os Guaianazes (liderados por Agaraí), os Goytacazes e os Aimorés. Nascia assim a Confederação dos Tamoios, responsável por um dos maiores levantes indígenas do período colonial.

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A guerra dos Tamoios

O cacique Cunhambebe foi designado como líder do rebelião. A Confederação dos Tamoios foi firmada no mesmo período em que os franceses desembarcavam no Rio de Janeiro e tentavam criar sua própria colônia no Brasil — a França Antártica.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

Vislumbrando a possibilidade de se criar uma aliança contra os portugueses, Cunhambebe procurou Villegagnon, líder dos franceses. Na esperança de que a sublevação pudesse enfraquecer o domínio português no Brasil, os franceses concordaram em fornecer armas aos Tamoios.

Antes que uma ofensiva fosse coordenada, entretanto, uma terrível epidemia atingiu os Tupinambás, ceifando a vida de vários guerreiros do grupo, incluindo Cunhambebe. Aymberê foi então escolhido para liderar a Confederação dos Tamoios.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

Em um esforço para ampliar a aliança, Aymberê enviou emissários para conversar com outros grupos indígenas. Jaguaranho, sobrinho do cacique Tupiniquim Tibiriçá, recebeu a missão de tentar convencer seu tio a romper a aliança com os portugueses e se juntar à confederação.

Convertido ao catolicismo e integrado aos costumes portugueses, Tibiriçá fingiu concordar com a rebelião, propondo um ataque ao aldeamento de São Paulo. Era uma emboscada. No dia combinado, Tibiriçá compareceu com uma grande coluna de guerreiros Tupiniquins.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

Declarando lealdade à coroa portuguesa, Tibiriçá matou seu sobrinho, Jaguaranho. Em seguida, ordenou o ataque contra a Confederação dos Tamoios. Seguiu-se um conflito sangrento, que resultou no extermínio de boa parte dos guerreiros Guaianazes.

Reagrupados sob a liderança de Aymberê, os Tamoios organizaram uma potente campanha contra os portugueses. Realizaram uma série de ataques bem sucedidos aos engenhos, assentamentos e feitorias dos colonizadores.

Para neutralizar a vantagem bélica dos oponentes em campo aberto, os guerreiros atraíam os portugueses para o combate na mata, onde conseguiam se impor no combate corpo a corpo. Dividiam e exauriam os colonizadores, deixando-os e mais vulneráveis a emboscadas e escaramuças

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

Os Tamoios obtiveram uma impressionante sequência de vitórias — destacando-se o triunfo na Batalha do Cricaré, quando mataram Fernão de Sá, filho do governador da colônia, Mem de Sá. Assustados, os portugueses pediram aos padres jesuítas que mediassem um cessar-fogo.

Os padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega conduziram as negociações. Os Tamoios exigiam a libertação dos indígenas escravizados. Em 1563, após vários meses de negociações, Tamoios e portugueses celebraram o Armísticio de Iperoig, suspendendo os combates.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

A trégua durou menos de um ano. Insatisfeitos com o acordo, os portugueses pressionaram pelo retorno do apresamento indígenas, a fim de obter mão de obra escrava para as fazendas. Os ataques logo foram reiniciados de forma ainda mais intensa.

Os portugueses aproveitaram a trégua para incrementar sua capacidade ofensiva. Determinado a acabar com a revolta dos Tamoios, Mem de Sá ordenou ao sobrinho, Estácio, que trouxesse de Portugal uma frota de galeões repletos de armas e homens para reforçar as milícias.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

Os portugueses também conseguiram estabelecer uma aliança com Arariboia, chefe do povo Temiminós, rivais dos Tupinambás. Os Tamoios seguiram combatendo os portugueses por mais três anos, logrando algumas vitórias.

Os colonizadores, entretanto, eram beneficiados pela reposição das tropas e pela superioridade das armas. Passaram a realizar ataques sistemáticos e extremamente violentos aos Tamoios, destruindo uma a uma as suas posições, até isolá-los em único foco de resistência.

Em janeiro de 1567, os portugueses decidiram realizar uma gigantesca ofensiva para exterminar os Tamoios. Mesmo ciente da impossibilidade da vitória, Aymberê decidiu lutar para defender seu território e seu povo. Mobilizou 1.500 guerreiros Tamoios e 160 canoas.

Em 20/01/1567, nas praias do Rio de Janeiro, deu-se o confronto derradeiro entre Tamoios e portugueses. Os combates se estenderam por 2 dias, opondo flechas e bordunas a canhões e escopetas. Ao término da batalha, as areias da praia estavam tingidas de sangue.

Foto: ReproduçãoA guerra dos Tamoios
A guerra dos Tamoios

O último reduto dos Tamoios logo estava devastado. Todos os líderes Tamoios foram mortos em combate, incluindo Aymberê. Suas cabeças foram decepadas e fincadas em lanças como uma advertência dos portugueses aos indígenas: "rebeliões não serão toleradas". 

Com informações do perfil do X Pensar a História 

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