Ele foi candidato a vereador. Teve 2 votos. Cada um custou 64 mil reais

Flavinho Araújo, candidato a vereador em Manaus (AM) pelo PSD, foi destaque nacional ao registrar o maior custo por voto nas eleições municipais deste ano. Com apenas dois votos obtidos e uma campanha que custou R$ 128,1 mil, o valor por voto chegou a impressionantes R$ 64.050,00. 

Entre os candidatos eleitos, o maior custo registrado foi de R$ 437,42 por voto, do candidato Thiago Borges (PL), em Palmas (TO). Já entre os não eleitos, Flavinho Araújo lidera com uma discrepância significativa.

Problemas de saúde interromperam campanha

Em entrevista, Flavinho explicou que a campanha estava estruturada, com materiais impressos e uma equipe contratada, mas foi interrompida devido a uma grave questão de saúde. "Estou com uma anemia muito severa. Logo no início da campanha, tive um sangramento no reto. Tenho todos os exames, consultas e laudos. Minha condição física me impedia até de sair da cama. Quando o material chegou, eu chamei minha família e expliquei que não conseguiria continuar. Se eu seguisse, poderia desmaiar nas ruas", relatou.

Apesar de não ter levado a campanha adiante, os compromissos financeiros já haviam sido assumidos, resultando no alto custo registrado.

PSD acusa candidato de má-fé

A situação gerou atritos com o Partido Social Democrático (PSD). Após o primeiro turno, os diretórios municipal e estadual emitiram uma nota pública acusando Flavinho de agir "com indiscutível má-fé" e de "malversar dinheiro público". O partido prometeu acionar os órgãos competentes para investigar a conduta do candidato.

A prestação de contas de Flavinho à Justiça Eleitoral mostra que dos R$ 150 mil repassados pelo partido, provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas, R$ 128,1 mil foram gastos, e R$ 21,9 mil foram devolvidos. O candidato afirma que não teve oportunidade de apresentar sua defesa dentro do partido. “Enviei fotos e vídeos do meu tratamento ao grupo do partido, mas fui excluído sem resposta”, lamentou.

Detalhes dos gastos

Segundo os dados oficiais, Flavinho destinou:

• R$ 71,4 mil para publicidade por adesivos;

• R$ 17,5 mil para locação de veículos;

• R$ 11,7 mil para atividades de mobilização de rua;

• R$ 6 mil para serviços advocatícios;

• R$ 13 mil para despesas “diversas a especificar”.

O candidato explicou que contratou 12 coordenadores para atuar em diferentes regiões de Manaus. “Minha intenção era realmente disputar a eleição. Se eu tivesse levado a campanha adiante, minha votação não seria tão baixa”, afirmou.

Histórico eleitoral

Esta foi a quarta tentativa de Flavinho em um cargo eletivo. Em 2016, ele concorreu a vereador e obteve 2.504 votos. Em 2018, disputou como deputado federal e alcançou 3.595 votos. Em 2020, novamente como candidato a vereador, recebeu 2.422 votos. "Nunca tive menos de 2 mil votos nas minhas campanhas. Este resultado é fruto de uma circunstância excepcional”, declarou.

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