Eduardo 'Bananinha' Bolsonaro viajou para os EUA quatro vezes em 2025
Eduardo Bolsonaro está nos EUA desde fevereiro, articulando com a direita internacional

Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde o dia 27 de fevereiro, ou seja, antes do Carnaval. Esta é a quarta viagem do deputado ao país em 2025, sendo a mais longa até agora, com 15 dias de estadia.
Aviagem e os motivos
O retorno aos Estados Unidos ocorreu em 48 horas após a visita anterior. Em sua última viagem, ele chegou ao Brasil no dia 24 de fevereiro, passou dois dias no país e logo voltou para os EUA. A atenção que o deputado tem dedicado a questões internacionais se reflete claramente em suas redes sociais. Levantamento feito pelo UOL no Instagram de Eduardo mostra que, neste ano, ele fez mais postagens sobre os Estados Unidos do que sobre o Brasil e outras nações, como Israel e Venezuela.
Foram 78 postagens sobre os Estados Unidos, contra 51 sobre o Brasil e outros países. A figura de Donald Trump aparece 23 vezes nas postagens de Eduardo, enquanto Lula é mencionado em 12 publicações.
O deputado justifica sua longa estadia nos Estados Unidos como um esforço político, alegando que sua missão é denunciar o que chama de ditadura no Brasil e uma suposta perseguição a políticos conservadores. Ele se posiciona, frequentemente, como "embaixador da direita" e articula com políticos de extrema-direita de outros países para pressionar o governo brasileiro e o STF.
Eduardo também aposta na possibilidade de Jair Bolsonaro recuperar seus direitos políticos e tentar disputar as eleições em 2026, com a pressão dos Estados Unidos sendo vista como essencial para esse objetivo.
Descontentamento no PL
Alguns deputados do PL, partido de Eduardo e Jair Bolsonaro, duvidam da viabilidade da candidatura de Bolsonaro e não acreditam que uma pressão externa trará resultados práticos. Contudo, a principal queixa entre os colegas de bancada não é sobre o ex-presidente, mas sobre a disputa pela presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, cargo que Eduardo pretende ocupar. A eleição para a presidência da comissão envolve um rearranjo de interesses, e muitos deputados do PL sentem que seus projetos e comissões serão prejudicados para satisfazer os desejos de Eduardo. O fato de ele não comparecer ao Congresso há semanas só intensifica as críticas, embora estas sejam feitas em segredo.
Os líderes do PL, no entanto, defendem publicamente o deputado. O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), ressalta a dificuldade do trabalho internacional de Eduardo, que exige fluência em línguas e estudo, além de reduzir seu tempo de presença no Congresso. Flávio Bolsonaro, irmão de Eduardo, minimiza as críticas, sugerindo que elas são motivadas por inveja e destacando a importância do trabalho do deputado para a direita brasileira.
Manifestações e postura nos EUA
Neste domingo, a manifestação em apoio a Eduardo, organizada pelos bolsonaristas no Rio de Janeiro, também está ligada à sua atuação política nos EUA, incluindo a defesa contra a possível apreensão de seu passaporte, um pedido feito por petistas à Justiça. Recentemente, Eduardo questionou a Procuradoria-Geral da República sobre o risco de ter seu passaporte apreendido, sugerindo que isso ocorreria assim que ele retornasse ao Brasil.
O deputado também tem se envolvido ativamente em eventos nos EUA, como uma reunião em Oklahoma com a extrema-direita americana e encontros com figuras como o senador republicano Shane David Jett e o governador de Oklahoma, Kevin Stitt. Em suas postagens, ele continua a pedir apoio dos Estados Unidos para combater o que chama de censura no Brasil e, ao mesmo tempo, faz lobby contra o STF e a figura de Alexandre de Moraes.
Atuação no Congresso dos EUA e reações no Brasil
Eduardo tem tentado influenciar a política americana, especialmente em relação a ações contra o STF. Em 26 de fevereiro, um comitê da Câmara de Deputados dos EUA aprovou um projeto de lei que, se aprovado, poderia resultar em penalidades para o ministro Alexandre de Moraes por supostas violações à liberdade de expressão. Esse movimento aconteceu após intensa pressão de Eduardo e do brasileiro Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Figueiredo. O PT reagiu a essa ação, entrando com uma representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra Eduardo, acusando-o de quebra de decoro parlamentar por conspirar contra o governo e o Judiciário brasileiro.
Viagens pessoais
Aliados de Eduardo ressaltam que ele está bancando suas viagens aos Estados Unidos com recursos próprios, sem custos para a Câmara dos Deputados. Não há registro de despesas com passagens, hospedagem ou aluguel de veículos em nome de Eduardo no site da Câmara, mas ele ainda pode solicitar o reembolso das viagens, já que tem até 90 dias para isso. De acordo com os registros, o deputado não realizou viagens oficiais em missão de Estado, e todas as suas idas aos EUA foram custeadas com seu próprio dinheiro.
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