Economia

É preciso decidir! Governar para quem: ricos ou pobres?

Lula responde: “Não fui eleito para beneficiar os ricos”


É preciso decidir! Governar para quem: ricos ou pobres?
Lula, bote o povo nas ruas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em discurso nesta quinta-feira (12), que sua missão no governo é priorizar os mais pobres e a classe média, e não os mais ricos. A declaração foi feita durante evento em Minas Gerais, em meio ao aumento da pressão do Congresso Nacional por cortes de gastos e à resistência às medidas de reequilíbrio fiscal propostas pelo governo, como mudanças na taxação do IOF e a criação de tributos sobre apostas online e rendimentos financeiros isentos.

“Eu governo para todos os brasileiros, mas eu tenho preferência e obrigação moral, ética e política de cuidar do povo que mais precisa, do povo mais pobre, do povo trabalhador, da classe média. Eu não fui eleito para fazer benefício para rico”, afirmou Lula.

A fala ocorre em meio a ataques da oposição e do mercado contra o que chamam de “gastança” do governo. Lula reagiu à narrativa, questionando por que investimentos voltados às camadas mais ricas são considerados positivos, enquanto os destinados aos mais pobres são tratados como gastos desnecessários.

“Os empresários brigam, os banqueiros dizem: ‘esse governo gasta demais com pobre, com Bolsa Família, com benefício previdenciário’. Mas ninguém reclama do que é dado para os ricos”, criticou o presidente.

A declaração de Lula foi acompanhada de críticas incisivas de aliados e lideranças progressistas contra a ofensiva neoliberal que cresce no Congresso. O ex-deputado federal José Genoino, por exemplo, fez uma análise dura do momento político, defendendo uma “inflexão à esquerda” no modo de governar e alertando que o governo está cercado por um “trio da maldade”: mercado financeiro, mídia comercial e Centrão.

“O Lula está sendo cercado pelo Centrão, que rasgou a fantasia. Não tem mais cooperação. Está sendo encurralado pelo mercado financeiro e por pesquisas manipuladas. Achar que se governa só com conciliação é um erro”, disse Genoino. Para ele, é necessário combinar diálogo com enfrentamento direto: “Sem polarização, vamos ser confundidos com um governo fraco.”

Genoino apontou ainda que a tentativa de manter uma “Frente Ampla” vem se transformando em uma “frente da paralisia”, que impede o avanço de pautas populares. Em sua visão, o governo precisa retomar a mobilização social, ocupar as ruas, e comunicar melhor seus propósitos, sob risco de abrir caminho para o avanço da extrema direita em 2026.

A crítica à atuação do Congresso é também compartilhada por Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ele denuncia que os setores conservadores pressionam por um ajuste fiscal "nas costas dos trabalhadores", enquanto mantêm privilégios de grandes empresários e bancos.

“Eles não querem cortar isenções para os super-ricos, que somaram R$ 523,7 bilhões no ano passado. Querem cortar o Benefício de Prestação Continuada, o seguro-defeso e o Fundeb. Quem paga imposto no Brasil é o trabalhador, que tem até 27,5% descontado na fonte. Já o rico, paga 2%, quando paga”, criticou.

Dados da Unafisco confirmam que mais da metade das renúncias fiscais concedidas pelo governo não têm contrapartida. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), que lidera a ofensiva contra o decreto do IOF, chegou a propor cortes no PAC e mudanças no arcabouço fiscal, mas não sugeriu redução nas emendas parlamentares — que somam R$ 52 bilhões.

Diante desse quadro, o governo Lula sustenta que a proposta de taxar apostas esportivas, rentistas e ganhos hoje isentos de tributação é fundamental para corrigir distorções e preservar os programas sociais. A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais, rebateu as acusações de que o governo estaria “taxando a todos”.

“O governo está cobrando de setores que pagam pouco ou nada sobre seus altos rendimentos. Vamos debater com números e ver quem realmente defende justiça social ou apenas protege privilégios”, declarou Gleisi.

Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi alvo de desrespeito na Câmara, quando deputados da extrema direita, como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ), deixaram a audiência após fazerem ataques ao governo, sem esperar a resposta do ministro. Haddad criticou a atitude:

“É molecagem. Fazem perguntas para aparecer e não querem ouvir. Isso empobrece a democracia”, disse o ministro, que defendeu a abertura de diálogo com o Congresso, mas também alertou para a necessidade de maturidade no debate público.

Enquanto isso, Genoino defende que o PT e os partidos de esquerda rompam com a passividade e retomem o protagonismo nas ruas. Para ele, a alternativa à paralisia é uma “governabilidade tensionada”, que assuma com clareza o confronto com os privilégios do topo da pirâmide social. “Se o governo se render ao status quo, a extrema direita capitaliza o desespero do povo”, alertou.

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