Política

CPI: Moro é tratado como miliciano por Witzel e explode nas redes

Citação aconteceu durante o depoimento do ex-governador à CP da Covid

  • quarta-feira, 16 de junho de 2021

Foto: Poder360Sergio Moro
Sérgio Moro

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro foi citado pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 nesta quarta-feira (16). O nome do ex-juiz chegou ao colegiado após uma pergunta do relator, Renan Calheiros (MDB-AL), ao depoente. Também segundo Witzel, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fugiu ao encontrá-lo em um aeroporto, pois não estaria autorizado a conversar com o então governador. O assunto veio à tona após Calheiros questionar o convocado sobre a distribuição de recursos para os municípios.

Witzel voltou a afirmar que foi vítima de perseguição e que há uma politização do Ministério Público. Em seguida pediu para fazer “um relato”. “Eu estive com o ministro Moro, à época, eu estive com o ministro Moro e fui pedir a ele que não pedisse de volta os delegados que estavam comigo. Eu tinha cinco delegados federais que estavam trabalhando comigo. Um deles, inclusive, o delegado Bernardo Barbosa, que era da Controladoria-Geral do Estado. O delegado Bernardo Barbosa estava levantando uma série de crimes praticados em governos anteriores, inclusive as OSs (Organizações Sociais em Saúde). O delegado Bernardo Barbosa descobriu mais de R$ 1 bilhão de desvio das OS. E o delegado estava fazendo um brilhante papel”, apontou.

Segundo o ex-governador, nesse caso, ele foi chamado pelo ministro para conversar. “Eu achei estranho, senador Renan. Quando eu cheguei na sala do ministro Moro, ele não quis tirar foto comigo, ele não quis anunciar o meu nome e disse que ele não poderia estar dando publicidade à minha presença no Ministério da Justiça”, contou. “Eu cheguei lá, o ministro Moro disse o seguinte: ‘Ô, Witzel, o chefe falou para você parar de falar que quer ser presidente. E, se você não parar de falar que quer ser presidente, infelizmente, a gente não vai poder te atender em nada, né?’”, acrescentou o depoente.

“E aí o ministro Moro falou que ia pedir de volta os delegados, porque estava sendo uma determinação do governo federal. Isso é ou não é uma clara intervenção num estado da Federação, em que o ato está materializado, de intervenção indevida num estado da Federação. O delegado é do governo federal, ele pode pedir de volta quando ele quiser, mas não nessas condições, porque não havia justificativa para pedir e volta o Dr. Bernardo Barbosa, que estava fazendo um brilhante papel e investigando as OSs — essa relação de OSs que eu vou te mandar aqui, porque elas continuam lá, operando, livres, leves e soltas, e fazendo dinheiro para alguém que não sou eu”, contou Witzel.

Witzel disse ter respondido a Moro que ele estaria em um caminho equivocado. “Eu falei: ‘Ô, Moro, eu acho que você está num caminho equivocado. Eu acho que, se você quer ser ministro do Supremo (Tribunal Federal), você não precisa fazer isso. Se você quer ser ministro do Supremo, você tem que procurar convencer os senadores de que você é capaz de ser um ministro imparcial, de que você é capaz de ser um magistrado que se espera que se tenha na Suprema Corte. Agora, esse tipo de coisa, lamentavelmente, de menino de recado, não é um papel que se espera de um magistrado como você, que, como eu, tem 20 anos de carreira", recordou.

O ex-governador cassado do Rio de Janeiro lembrou que Moro servia de capacho de Bolsonaro, a quem chamava de chefe, numa linguagem própria de milicianos.

O ex-juiz da Lava Jato foi parar nos trending topics do Twitter.

Confira:

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