Política

Cassar Glauber Braga é um duro golpe na democracia brasileira

Confira a opinião do professor Luís Felipe Miguel sobre o assunto


Reprodução Cassar Glauber Braga é um duro golpe na democracia brasileira
Glauber Braga e do Arthur Lira

Por Luis Felipe Miguel, professor, no facebook

Glauber Braga pisou na bola quando expulsou um provocador do MBL, a pontapés, da Câmara dos Deputados.

Sim, o militante direitista era escolado na arte de fazer outras pessoas perderem a cabeça. Eles são treinados para isso, com manuais originados nos Estados Unidos. Trata-se de irritar ao máximo, com provocações agressivas, até a hora em que o outro explode – e esse é o “corte” que vai para as redes sociais, para mostrar como os “esquerdistas” são descontrolados e violentos.

No caso de Glauber, a tática foi ofender a mãe do deputado, a ex-prefeita de Nova Friburgo, Saudade Braga, que na ocasião já se encontrava gravemente doente – faleceu menos de um mês depois.

Sim, um quadro preparado e experiente como Glauber não devia ter perdido o controle. Não por causa do provocador, que vale nada, ou pelos pontapés, que foram quase apenas simbólicos, mas para se preservar.

Mas, no fim das contas, somos todos humanos. E a natureza da armadilha preparada pelo MBL é o suficiente para a gente ver uma atenuante.

O episódio, ocorrido no final de abril, levou a uma representação contra o deputado no Conselho de Ética. O caso andou com celeridade ímpar, graças à pressão de Arthur Lira.

Depois de apenas cinco meses, o Conselho de Ética, por ampla maioria de 10 a 2, indicou a cassação do mandato do deputado do Rio de Janeiro.

Casos muito mais graves ficam parados por longo tempo ou recebem pareceres favoráveis, incluindo rachadinhas, assassinatos, deboche emperucado na tribuna, pugilato entre parlamentares no plenário.

Ou então o presidente da casa, cujo currículo inclui denúncias de participação em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro, parceria com o doleiro Alberto Yousseff, obstrução da justiça, enriquecimento ilícito, lesão corporal e estupro. E que, ostensivamente, transformou a Câmara dos Deputados num instrumento de chantagem em defesa de vantagens escusas para seus integrantes.

Por que não é Lira que está sendo condenado pelo Conselho de Ética?

Há uma decadência acentuada do padrão de decoro dos nossos representantes. O destempero pontual de Glauber não é, nem de longe, um caso grave. Merecia talvez uma advertência. A cassação é uma penalidade desproporcional, tanto pelo caso em si mesmo quanto comparativamente, e só se explica como perseguição política.

O que incomoda em Glauber é que ele é, sem sombra de dúvida, um dos deputados mais coerentes e consistentes no enfrentamento às práticas e aos interesses que Artur Lira representa.

Justamente por isso, ele é uma presença fundamental na Câmara dos Deputados. A cassação abusiva de seu mandato, caso realmente venha a ocorrer, referendada pelo plenário da Câmara, mostrará a disposição de calar a esquerda e será um duro golpe na precária democracia brasileira.

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