Política

Braga Netto abraçou tentativa de golpe para não perder influência, diz cúpula do Exército

Para membros da cúpula militar, a motivação de Braga Netto não foi ideológica, mas pragmática.


Pedro Ladeira/Folhapress Braga Netto abraçou tentativa de golpe para não perder influência, diz cúpula do Exército
Braga Netto abraçou tentativa de golpe para não perder influência, diz cúpula do Exército

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Walter Braga Netto como um dos principais responsáveis pela tentativa de golpe de Estado, ao lado de Jair Bolsonaro. Para membros da cúpula militar, a motivação de Braga Netto não foi ideológica, mas pragmática.

Dentro do Alto Comando das Forças Armadas, há um consenso de que Braga Netto não queria perder influência no círculo de poder e "voltar para a planície", conforme reportado pela colunista Bela Megale, do Globo. Para esses oficiais, o general da reserva atuou diretamente para impedir a posse de Lula e promover uma ruptura institucional.

Embora generais de alta patente tenham defendido colegas como Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, não houve intercessão em favor de Braga Netto. A avaliação interna é que ele abandonou a Força ao ordenar ataques contra militares que se recusaram a aderir ao plano golpista.

Desde o governo Bolsonaro, sua postura subserviente ao então presidente já gerava desconforto em parte do comando militar. Ainda assim, Braga Netto se tornou um dos nomes de maior confiança de Bolsonaro, que o escolheu como candidato a vice, apesar de o general não possuir grande apelo eleitoral.

Preso desde dezembro, acusado de obstrução de Justiça no âmbito das investigações sobre o golpe, Braga Netto apresentou sua defesa ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (7).

Na defesa, seus advogados criticaram a denúncia da PGR, chamando-a de "filme ruim e sem sentido" e atacaram o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A defesa de Braga Netto também acusou Moraes de "extrapolar o limite legal" na delação de Cid, alegando que a atuação do ministro no acordo "foge ao limite da atuação judicial" e "fere a estrutura acusatória do processo penal".

A PGR denunciou Braga Netto pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça contra o patrimônio, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa. Somadas, as penas máximas podem ultrapassar 40 anos de prisão.

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