Política

Bolsonaro mente sem pudor na ONU: culpa indígenas por incêndios e Venezuela por óleo no Nordeste

Bolsonaro se eximiu de responsabilidade pelo aumento do desmatamento e das queimadas no país e pelo grande número de mortos por covid-19

  • terça-feira, 22 de setembro de 2020

Foto: BBCBolsonaro abre a 75ª Assembleia Geral da ONU
Bolsonaro abre a 75ª Assembleia Geral da ONU

O presidente Jair Bolsonaro discursou na manhã desta terça-feira (22), na abertura da 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente defendeu o agronegócio brasileiro e afirmou que o país é "vítima de uma guerra de desinformação sobre Amazônia e Pantanal". No pronunciamento, Bolsonaro se eximiu de responsabilidade pelo aumento do desmatamento e das queimadas no país e pelo elevado número de mortos por covid-19, áreas em que o país tem sido contestado internacionalmente.

"A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima", disse o presidente. "Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil." Bolsonaro ainda comparou a discussão sobre a Amazônia aos incêndios que ocorrem no estado norte-americano da Califórnia.

Os focos registrados no norte do país, segundo Bolsonaro, não são de responsabilidade do agronegócio. "Os incêndios acontecem praticamente, nos mesmos lugares, no entorno leste da floresta, onde o caboclo e o índio queimam seus roçados em busca de sua sobrevivência, em áreas já desmatadas", disse, sem demonstrar qualquer comprovação sobre a declaração.

O presidente disse que o Brasil se “destaca na área ambiental” e acusou a Venezuela de ter vazado óleo nas praias brasileiras em 2019. Ele afirmou ainda que o país tem se destacado na área dos direitos humanos com o refúgio dado a venezuelanos.

Bolsonaro, que discursou por cerca de 15 minutos, abriu sua fala "lamentando cada morte ocorrida" pela pandemia do coronavírus, mas disse que o Supremo Tribunal Federal impediu que o governo federal agisse. O STF definiu que os estados tinham autonomia para tomar suas decisões.

O presidente, pela primeira vez em um discurso oficial, citou o termo "cristofobia", que seria o ódio contra a religião cristã. Encerrou sua fala com a afirmação de que "o Brasil é um país cristão e conservador e tem na família sua base."

Pela primeira vez, desde a fundação da organização internacional, os discursos não estão sendo realizados na sede da Organização, em Nova York. Devido à pandemia, os discursos são gravados pelos chefes de estados e transmitidos online.

O Presidente da República do Brasil falou após discurso do presidente das Nações Unidas, o português Antônio Guterres. Após Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também discursou de maneira online, fazendo duras críticas à China.

Veja o discurso do presidente na íntegra:

Autoridades criticam discurso no Twitter 

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