Política

Bolsonaro é réu, mas já pode ser considerado um condenado

Basta a defesa de Garnier manter a versão atual e outros réus também o fazerem


STF Bolsonaro é réu, mas já pode ser considerado um condenado
Passar de réu a condenado pode ser mais rápido que Bolsonaro imaginava

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tornou-se peça central nas investigações ao firmar um acordo de colaboração premiada, trazendo detalhes sobre os acontecimentos que cercaram os eventos de tentativa de ruptura institucional. No entanto, apesar da relevância de seus depoimentos para as investigações da Polícia Federal, Cid não ocupava um posto de alto escalão no governo nem no comando das Forças Armadas.

O que pode representar um impacto ainda maior para Bolsonaro é a possibilidade de que outros réus, ocupantes de posições estratégicas, confirmem os relatos já apresentados. Durante o primeiro dia do julgamento de admissibilidade da denúncia contra o ex-presidente no Supremo Tribunal Federal, na terça-feira (25), um detalhe chamou atenção: nenhum advogado de defesa, à exceção do representante de Bolsonaro, negou que houve uma tentativa de golpe. As defesas se concentraram em argumentar que seus clientes não participaram da articulação, apresentando supostas provas de inocência.

Um momento-chave veio na quinta-feira (27), quando o advogado Demóstenes Torres, defensor do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, afirmou em entrevista à jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, que a tentativa de golpe ocorreu e que Bolsonaro convocou Garnier, o então comandante do Exército, general Freire Gomes, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Júnior, para uma reunião em que foi discutida a possibilidade de um “decreto de Estado” que usaria as Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito.

O avanço das primeiras audiências da ação penal será determinante para o desfecho do caso. Se Garnier mantiver essa linha de defesa e outros réus confirmarem a mesma versão, a situação de Bolsonaro se tornará ainda mais delicada. Com depoimentos reforçando a narrativa da tentativa de golpe, o risco de condenação do ex-presidente aumenta significativamente, tornando cada vez mais distante a possibilidade de absolvição.

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