"Bolsonaro é frouxo": vídeo divulgado por bolsonaristas causa hecatombe em grupos de apoio; assista
Vídeo-bomba, que mostra a "frouxidão" e a "covardia" de Bolsonaro brincando ao chamar Moraes para vice, teve feito nitroglicerina e implodiu grupos: "homem que prometia romper com o sistema passou a pedir bençãos a ele"

Por Plinio Teodoro, jornalista, na Fórum
A "frouxidão" e a "covardia", segundo os próprios apoiadores, de Jair Bolsonaro (PL) diante do ministro Alexandre de Moraes, em depoimento nessa terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe caiu como nitroglicerina pura em grupos de Telegram que reúnem aliados extremistas do ex-presidente.
Um vídeo-bomba, feito pelos próprios bolsonaristas sobre o depoimento e divulgado no grupo Águia, que reúne mais de 20 mil apoiadores do ex-presidente, na manhã desta quarta-feira (11) provocou uma verdadeira hecatombe e implodiu o discurso em torno da narrativa, com trocas de acusações entre os membros.
Com legendas em inglês, o vídeo inicia dizendo que "Bolsonaro é frouxo" e mostra claramente o processo de amedrontamento e covardia do ex-presidente, que teria traído a confiança dos "patriotas".
"Bolsonaro é frouxo. Foi eleito como um cavalo de guerra, com promessas de confronto direto contra o sistema. Mas, quando chegou lá em cima o discurso mudou. A coragem virou silêncio. A ação virou covardia. E o povo ficou esperando uma atitude que nunca veio", inicia o vídeo.
Em seguida, as imagens mostram um "conselho" de Olavo de Carvalho, que é tido como um dos gurus da ultradireita neofascista e morreu em janeiro de 2022 já demonstrando decepção com o então governo Bolsonaro.
"Olavo de Carvalho avisou antes: uma vez lá em cima, vai viver de misericórdia de seus inimigos. Foi isso o que aconteceu. O homem que prometia romper com o sistema passou a pedir bençãos a ele", segue o texto, mostrando a imagem em que Bolsonaro "faz uma brincadeira" no depoimento, pedindo para Alexandre Moraes ser seu vice em 2026.
A "piada" foi recebida com revolta pelos bolsonaristas, que se revoltaram, e obrigou Eduardo Bolsonaro a tentar explicar a "estratégia" sorridente e subserviente do pai em frente ao mesmo ministro que, em 7 de setembro de 2021, chamou de "canalha" em ato com apoiadores na avenida Paulista.
"O mesmo sistema que ele dizia combater, o humilhou, calou seus aliados, prendeu manifestantes, destruiu reputações. E ele aceitou tudo calado. Enquanto a direita era censurada, ele fazia live de pastel e moto. Enquanto o STF fechava o cerco, ele fazia sinal de coraçãozinho", segue o vídeo para concluir com um final arrebatador.
"Um homem que teme ser odiado, nunca vai liderar uma revolução. Achou que poderia jogar com regras que já tinham sido queimadas e, no fim, terminou pedindo misericórdia aos mesmos que prometeu enfrentar".
Hecatombe
A publicação do vídeo no grupo Águia causou uma hecatombe, gerando bate-boca entre os apoiadores de Bolsonaro. "Vídeo absurdo feito por um esquerdista lixo canalha", ralhou um deles. "O canal é pro-Bolsonaro ou o quê?", indagou um segundo.
"Desculpe. Achei que fosse um canal de patriota, de direita. Não sabia que era um canal em que o mito é um Deus que não pode ser criticado ou questionado", rebateu o bolsonarista que publicou o vídeo, recebendo apoios e críticas.
O mediador então publicou um card para identificar o grupo como "100% bolsonarista", diante da discordância. "Entendido. Primeira e última vez que questiono", disse a pessoa que publicou, rebatendo as críticas uma a uma.
"Eu tenho minha visão sobre algumas ações dele e vocês acham ele mito e não aceitam questionamento. Ok. Só tem que tomar cuidado para não ficar bitolado. Perfeito só Deus, Jesus. Ninguém está imune a erros e a críticas. Mas, se vocês se ofendem tanto assim, me desculpe", emendou.
A troca de farpas se acirrou, enquanto o perfil mediador pedia "calma, minha gente". "Claro que o grupo é patriota, mas se tu se acha o sabichão que acha que poderia fazer melhor, tente ir lá fazer melhor", atacou um extremista.
"O que tem a ver? Fala isso para o Bukele e o Milei", rebateu, citando os presidentes de ultradireita neofascista da Argentina, Javier Milei, e de El Salvador, Nayib Bukele.
Em meio a apelos para apagarem o vídeo - e foi realmente apagado -, sobrou até para Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato e ex "super" ministro da Justiça de Bolsonaro.
"Ninguém disse que [Bolsonaro] é um Deus, que não se pode criticar, o que está se dizendo é que jogar toda a culpa do que acontece e chamar o cara de frouxo quando até seu ministro o atacou (Sergio Moro) é jogar do lado inimigo, críticas devem enriquecer e não humilhar ou destruir", afirmou outra bolsonarista que ficou em meio ao fogo cruzado.
Outro seguidores então quiseram expulsar aqueles que não são "100% Bolsonaro, mas eles se recusaram. "Vamos lá patriotas, temos que ser unidos", apelou o moderador.
Um bolsonarista aproveitou então para desferir ataques às Forças Armadas, dizendo que "o aparelhamento está dentro das próprias FFAA, este próprio Tribunal mostra isso".
Veja os prints da implosão do grupo bolsonarista após o vídeo.
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