Política

Bajular Luiz Fux, a nova frente bolsonarista

Malafaia foi às redes sociais desencadear o processo


Reprodução Bajular Luiz Fux, a nova frente bolsonarista
Os bolsonaristas agora são só elogios ao ministro Fux

Atuando como garoto de recado da ultradireita neofascista, o pastor Silas Malafaia desencadeou neste domingo (28) a nova estratégia de Jair Bolsonaro (PL) para confrontar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ação começou nas redes sociais, dias após uma reunião entre Malafaia e Bolsonaro na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital DF Star, em Brasília, onde o ex-presidente foi intimado para apresentar defesa no processo sobre tentativa de golpe de Estado.

A nova tática da direita bolsonarista passa pela bajulação pública ao ministro Luiz Fux, do STF, que tem demonstrado divergências pontuais em relação aos colegas da Primeira Turma da Corte — responsável pelo julgamento de acusados nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A aposta é usar Fux para enfraquecer Moraes e, por tabela, outros ministros alinhados ao relator, como Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Em vídeo divulgado sem a habitual edição, Malafaia inaugurou a estratégia exaltando Fux pelo voto que proferiu no caso da bolsonarista Débora Rodrigues dos Santos, conhecida como "Débora do Batom". Enquanto Moraes, Dino e Cármen Lúcia defenderam penas de 14 anos de prisão, e Zanin votou por 11 anos, Fux abriu divergência e aplicou uma pena bem mais branda: um ano e meio de prisão, enquadrando Débora apenas no crime de deterioração de patrimônio público, e a absolvendo das acusações mais graves, como tentativa de golpe de Estado e associação criminosa armada.

"Vamos à condenação injusta, esdrúxula e vergonhosa de Débora há 14 anos de cadeia. Alexandre Moraes, 14 anos. O seu comparsa Flávio Dino, também deu 14 anos. A outra, que não sabe nem onde tá o nariz, Cármen Lúcia, 14 anos. Zanin, 11 anos. E Fux, para desmascarar essa farsa, deu um ano e meio", atacou Malafaia. Em seguida, argumentou que o crime de deterioração de patrimônio deveria ser julgado na primeira instância, e não pelo Supremo, sugerindo que todo o processo poderia ser anulado.

Nos bastidores, aliados de Bolsonaro no Congresso, especialmente parlamentares do PL, se articulam para ampliar a ofensiva. A ordem é utilizar tribunas da Câmara e do Senado, além das redes sociais, para elogiar Fux, destacando seu voto “justo” no julgamento de Débora, conforme revelou a colunista Bela Megale, do jornal O Globo. O objetivo é claro: criar fissuras internas no STF e aumentar a pressão pública sobre Alexandre de Moraes, que vem liderando as condenações de réus ligados aos atos golpistas.

O movimento de apoio já foi iniciado por figuras como Michelle Bolsonaro e o próprio Malafaia, que nas redes sociais chamaram Moraes de “ditador desgraçado” enquanto exaltavam Fux. Para evitar constrangimentos dentro da Corte, Fux teria procurado Moraes antes da sessão para comunicar sua divergência, tentando minimizar qualquer percepção de deslealdade.

A nova frente bolsonarista, portanto, aposta em dividir o Supremo e questionar a legitimidade dos julgamentos do 8 de janeiro, enquanto prepara o terreno para possíveis novas investidas judiciais em favor de Jair Bolsonaro e seus aliados.

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