Eleições 2024

As chances de reeleição

Por Arnaldo Eugênio, doutor em antropologia


Reprodução As chances de reeleição
Urna eletrônica

Por Arnaldo Eugênio, doutor em antropologia

Nas eleições municipais de 2024, no Brasil, mais de uma centena de prefeitos e prefeitas tentará se reeleger. Porém, nenhuma reeleição é fácil e garantida, por mais que se tenha feito “uma boa ou uma má gestão”. Pois, a performance e a rejeição dos prefeitos ou das prefeitas refletem-se no resultado eleitoral – para além da farra em boate de prostituição em Brasília.

Para todo gestor (ou gestora) municipal, em exercício, o processo de reeleição é uma eleição particular dentro de outra eleição, onde é preciso, para além das habilidades e competências em gestão pública, a implementação de ações pontuais e estratégicas, alinhadas com a conjuntura política e as demandas populares. Por isso, não basta apostar somente na “compra de votos” – ou no abuso do poder econômico no processo eleitoral – que configura crime eleitoral!

Infelizmente, ainda é uma prática comum no Brasil, em detrimento de uma “boa gestão”, que muitos candidatos e candidatas à reeleição usem do “poder econômico” – é um fenômeno social, fato ineliminável que permeia todos os segmentos da sociedade, que deve ser controlado, de modo a tutelar a incolumidade do sufrágio universal (art. 14, § 9º, da CF).

Por um lado, uma gestão municipal avaliada como “boa gestão” aumenta a probabilidade de reeleição, mas não é garantia de reeleição de um prefeito ou de uma prefeita. Por outro lado, em linhas gerais, existem duas formas de se construir o “perfil de rejeição” de uma pessoa – candidato ou candidata: a) por meio de uma lista e b) individualmente.

Mas, como cada postulante a cargo político é apresentado ao eleitor e à eleitora de forma diferente, logo, não atingem os mesmos números. As duas formas de aferição são indicadores diferentes e que tentam medir a rejeição. De forma direta, uma “má gestão” pode gerar uma alta rejeição do gestor (ou gestora), que implicará numa reprovação nas urnas.

Pois, diante de uma “má gestão”, o eleitorado brasileiro tende a exercer um voto mais conservador, de menos risco e atento para a capacidade gerencial do candidato majoritário. Em geral, após acidentes naturais ou graves crises de gestão, não de origem econômica, a idade média dos prefeitos eleitos aumenta em 25% e aumenta a exigência por pessoas mais experientes em gestão pública. Ou seja, é um prenúncio pela busca por gestores equilibrados, com decoro ao cargo e de respaldo, para gerenciar as diversas situações de colapso que envolver o município.

O gestor municipal, em exercício, que não entender a reeleição como um momento de reequilíbrio e de um novo espírito coletivo está caminhando para uma derrota nas urnas. Uma eleição municipal traz consigo, mesmo que no subconsciente, a necessidade popular de satisfazer vários desejos pontuais, para minimizar as dores, as feridas, as marcas de gestões anteriores etc.

Para obter boas chances de uma reeleição, o candidato ou candidata deve apresentar, além de uma base política e recursos financeiros, a capacidade de conquistar o apoio popular da maioria dos munícipes, através de um conjunto de ações estratégicas e realizáveis. E, assim, otimizar a imagem do gestor, estreitar vínculos com novas lideranças locais e adequar-se às necessidades da população local – ou seja, o eleitor.

 Assim, uma reeleição depende de uma boa administração dos recursos públicos, vinculada ao bem-estar do povo, para gerar a empatia com o gestor.

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