AGU vê ataque ‘profissional e financiado’ à economia brasileira
O Órgão constatou aumento de mentiras nas redes sociais sobre agentes econômicos, “desde a discussão da questão fiscal, passando pelo dólar, até o Pix”

A Advocacia-Geral da União (AGU) identificou a existência de uma estrutura profissional e financiada que foi montada no final de 2024 com o objetivo de atacar instituições e agentes econômicos no Brasil. Recentemente, uma onda de desinformação sobre o Pix levou a Receita Federal a recuar na implementação de novas regras de monitoramento de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
De acordo com um integrante da AGU, “há, sim, uma estrutura profissional, financiada e bem construída desde o último trimestre de 2024. Nada é orgânico. Isso envolve questões fiscais, o dólar, entre outros... e ganhou força após a eleição de Donald Trump”.
A AGU passou a investigar mais atentamente os casos de desinformação relacionados a agentes financeiros quando perfis falsos, simulando uma agência de investimentos nas redes sociais, espalharam notícias falsas atribuídas a Gabriel Galípolo, atual presidente do Banco Central. A desinformação foi rapidamente disseminada por perfis e influenciadores de investimentos com grandes números de seguidores.
O caso chamou a atenção do governo federal e da presidência do Banco Central, ganhando repercussão na mídia. No dia 25 de dezembro, o Google exibiu uma cotação falsa do dólar, embora o mercado estivesse fechado devido ao feriado de Natal. O Google admitiu que a falha ocorreu por conta de um serviço terceirizado contratado para monitorar a cotação. Suspeita-se que um site com informações falsas tenha manipulado o algoritmo do Google para gerar essa cotação equivocada. Quando a AGU alertou a empresa sobre o erro, foi acusada de censura por perfis nas redes sociais.
No início de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), passou a ser alvo de ataques, incluindo um vídeo com deepfake que viralizou nas redes sociais, no qual Haddad aparecia afirmando que iria “taxar tudo”, incluindo animais de estimação. O ministro foi alvo de novas investidas nesta semana, quando seu CPF foi vazado com instruções de inserir compras em seu registro pessoal, para sugerir que ele teria movimentações financeiras atípicas.
Entretanto, o ataque mais prejudicial ao governo foi o relacionado ao Pix. A AGU acredita que houve uma ação coordenada da oposição, utilizando uma mensagem com forte conteúdo político, mas sem mentir diretamente sobre o tema, para ampliar a desconfiança em relação às ações do governo. "Essa é a nossa hipótese e linha de investigação, que será aprofundada com a PF. Há vários núcleos envolvidos: o político, o dos executores e o dos financiadores", afirmou um membro da AGU.
Em 1º de janeiro de 2025, entraram em vigor normas da Receita Federal que ampliavam a fiscalização sobre o uso do Pix, mas essas regras foram posteriormente anuladas. De acordo com as normas, os bancos e outras instituições financeiras seriam obrigados a informar dados sobre algumas transações financeiras de clientes com maior poder aquisitivo, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas. O Ministério da Fazenda previu uma redução no volume de informações enviadas à Receita, devido à flexibilização das regras para clientes de menor renda.
Contudo, o governo foi acusado de aumentar os impostos sobre a classe média, em meio à disseminação de notícias falsas pela extrema-direita, que alegavam uma tributação sobre o Pix. A Receita Federal negou as acusações, reforçando a importância da regularização fiscal para o combate à lavagem de dinheiro. Apesar disso, o governo acabou recuando e revogando as novas medidas de monitoramento.
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