Política

A população está mais preocupada com a 'facada' que a inflação causou do que com conspirações

Jair Bolsonaro está novamente a usar politicamente a facada a que foi vítima em 2018

  • terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Foto: DivulgaçãoFacada bolsonaro
Facada bolsonaro

Por Leonardo Sakamoto, jornalista, no facebook

O uso político por Jair Bolsonaro da facada que levou na campanha de 2018 tende a funcionar cada vez menos, mesmo entre seus apoiadores, por conta da economia deteriorada, com a disparada nos preços dos alimentos, dos combustíveis e da energia elétrica, as altas taxas de desemprego, subemprego e informalidade, a derrocada no valor da renda dos trabalhadores, o aumento no endividamento das famílias e, claro, a fome.

O grosso da população está mais preocupado com a 'facada' que a inflação causou em seu orçamento do que com as teorias conspiratórias plantadas pela campanha à reeleição do presidente da República. Mesmo o eleitoreiro Auxílio Brasil de R$ 400 perde, mês a mês, seu poder de influência à medida em que seu poder de compra diminui, demandando que o governo procure novas formas de estourar o orçamento para gerar voto.

Nos últimos dias, a máquina de guerra digital de Jair Bolsonaro voltou a inundar redes sociais e aplicativos de mensagens com a mentira de que Adélio Bispo atentou contra sua vida a mando de partidos de esquerda. Essa ação tem a mesma natureza da sabotagem da vacinação infantil, ou seja, manter os seguidores radicais excitados visando às eleições. E excitados, eles vão às ruas saudar o "mito" em atos de campanha e xingam membros da família que reclamam da vida.

Em 2018, os adversários de Jair se uniram para condenar o atentado que sofreu. Agora, todos os políticos que se consideram do espectro democrático devem rechaçar tentativas de manipulação que tentem reescrever os fatos. Pois a investigação da Polícia Federal apontou que Adélio tem graves problemas mentais e agiu sozinho.

A instabilidade política causada por um presidente que atenta contra as regras da democracia, tendo promovido atos golpistas, como o de 7 de setembro do ano passado, e a falta de rumo da política econômica ajudaram a elevar ainda mais o dólar. Dólar mais caro, inflação mais alta. Por conta de Jair, sofremos mais do que a maioria do mundo.

Ao mesmo tempo, o desprezo do governo diante pelas mudanças climáticas cobra seu preço na geração de energia e na seca que atinge a agricultura. Se tivéssemos alguém planejando a construção e não a desconstrução do país, teríamos gerido melhor os reservatórios das hidrelétricas em 2020 e garantido estoques reguladores de alimentos para fazer frente à estiagem de agora.

O resultado, todos conhecem. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em janeiro a cesta básica de alimentos aumentou em 16 das 17 capitais avaliadas mensalmente pelo instituto. As maiores altas foram em Brasília (6,36%), Aracaju (6,23%), João Pessoa (5,45%), Fortaleza (4,89%) e Goiânia (4,63%).

No último mês, a batata subiu 42,12% em Belo Horizonte, 31,74% no Rio de Janeiro e 20,3% em Goiânia. Tomate escalou 47,43% em Aracaju. E o café saltou em São Paulo (17,91%), Aracaju (12,95%), Recife (12,77%) e Brasília (11,64%).

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