Economia

A batalha da taxa de juros vai definir o futuro do governo Lula e da democracia no Brasil

Campos Neto age para manter a taxa de juros num patamar que é incompatível com qualquer possibilidade de retomada do crescimento econômico


Foto: Montagem Pensar PiauíA batalha da taxa de juros
A batalha da taxa de juros

A mídia corporativa se incomoda com o "tom" de Lula em relação ao presidente do Banco Central. Mas o fato é que Campos Neto age para manter a taxa de juros num patamar que é incompatível com qualquer possibilidade de retomada do crescimento econômico.

Diz que é para manter a inflação sob controle. Mas esse objetivo é naturalmente superior a qualquer outro - como, por exemplo, colocar comida na mesa de quem tem fome?

E a taxa de juros é mesmo eficaz para combater uma inflação global causada pelo aumento dos custos de produção, como a energia, fruto da pandemia e da guerra?               

O desempenho de Campos Neto à frente do BC  mostra que a receita não está dando certo. Mas, como escreveu, há um ano, o economista Andre Modenesi, "a baixa previsibilidade da inflação faz com que desvios da meta [...] sejam passíveis de justificativas ad hoc. Ou seja, Campos Neto (quase) sempre terá inúmeras razões para fundamentar o não cumprimento de sua função".              
E conclui: "A política monetária é pouco eficaz para combater choques inflacionários de custo".

Campos Neto age, talvez, por fanatismo ideológico - acredita mesmo nos dogmas da ortodoxia monetarista. Ou por compromisso com o rentismo, cujos interesses defende. Ou por estar alinhado ao golpismo bolsonarista, como de fato está, e disposto a sabotar o governo Lula.

De qualquer maneira, sua presença à frente do Banco Central é insustentável.

A elevadíssima taxa de juros bloqueia o investimento produtivo - aquele que gera riqueza, emprego, renda, consumo. É mais lucrativo aplicar o dinheiro em títulos da dívida pública. O resultado é recessão econômica e ampliação do custo financeiro do Estado, reduzindo a disponibilidade de gasto em políticas sociais, infraestrutura ou estímulo à atividade econômica.

Lula ganhou a eleição com o voto dos mais pobres. Ganhou com o compromisso de fazer um governo que novamente minorasse suas agruras e ampliasse seu horizonte de possibilidades. Caso o governo falhe nesse compromisso básico, não é apenas a carreira política de Lula que chegará a um fim melancólico ou o PT que sofrerá.

O fracasso do governo Lula será o combustível necessário para o crescimento da extrema-direita. Reafirmará, para vastas camadas da população, que a democracia não funciona, que é um jogo de cartas marcadas a favor dos mais ricos.

E quem dirá que estão errados?

É fundamental obrigar Campos Neto a recuar - de preferência, retirando-o do cargo ou, melhor ainda, revendo a pretensa "autonomia" do Banco Central. Cabe ao campo popular liderar essa mobilização.

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