Pensar Piauí

Troca de bebês: a saga de 3 famílias que procuram filhos biológicos

Geruza descobriu não ser a mãe biológica da criança que cuida desde 2014

Foto: MetrópolesGeruza Fernandes Ferreira e a filha não biológica
Geruza Fernandes Ferreira e a filha não biológica

Metrópoles - “São várias noites sem dormir.” Assim, Geruza Fernandes Ferreira, 38 anos, descreve os últimos 48 meses de sua vida, quando descobriu não ser a mãe biológica da menina que cuida há sete anos. A dona de casa relatou os momentos de angústia que a acompanham desde novembro de 2019. Naquela data, a mulher descobriu que a filha havia sido trocada na maternidade do Hospital Regional de Planaltina.

Geruza conta ter descoberto a situação após o ex-companheiro não realizar o pagamento da pensão alimentícia e levar a criança para realizar um teste de DNA. “Ele a buscou sem minha permissão, levou a um laboratório particular e fez o exame. Na primeira audiência de conciliação, ele já alegou que ela não era filha biológica dele e queria tirar o nome da certidão de nascimento”, explica.

Ao se submeter ao teste, a dona de casa, que trabalha vendendo lanches em um terminal rodoviário no Plano Piloto, teve uma surpresa ainda maior: o resultado mostrou que ela não era mãe biológica da garota. “Fiquei desesperada como mãe e, como mulher, tinha certeza de que ele era o pai”, declara.

Foi, então, que teve início uma batalha judicial e emocional. “É uma coisa que mexe com toda a família. Estou em depressão, são várias noites sem dormir, porque fico me perguntando o que aconteceu com minha filha biológica”, releva Geruza

O caso é investigado pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina) e corre em segredo de Justiça. Fora do âmbito policial, o processo tramita na área cível. Em agosto, o Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) estabeleceu o pagamento de R$ 300 mil a título de danos morais em favor de Geruza. A Justiça entendeu que a troca de bebês ficou comprovada. No entanto, o GDF recorreu da decisão e a mãe ainda não recebeu a indenização.

“Não foi um erro meu, mas do hospital. Tenho a pulseira de identificação dela, provei que tive a bebê lá. É uma dor incomparável.”

Hoje, com 7 anos, a criança vive com Geruza, seu esposo e a filha mais nova, de 2 anos. “Eu a amo demais, é minha filha, não de sangue, mas de coração e criação. Mas eu tenho o direito de saber onde a outra está, como está e com quem está vivendo”, diz.

Possível encontro

Além da indenização, o desejo maior da mãe é ter um encontro com a sua filha de sangue. “Quero que a gente possa se encontrar. Creio que a outra família, quando souber, vai ter a mesma opinião. Minha filha tem que conhecer como é a outra família dela”, defende.

De acordo com a mulher, ela nunca desconfiou de ter havido troca no hospital, porque a menina tem aparência semelhante à de sua família. “Meu pai é claro, minha mãe é morena, meu irmão é negro. Não tinha como eu desconfiar”, revela Geruza. Segundo a mãe, a filha já tem conhecimento da situação. “Ela já sabe, entende e viu meu desespero. Às vezes eu chorava e ela perguntava o motivo. Chegou ao ponto que não dava mais para esconder.”

Geruza salienta que o maior desafio, agora, é manter o equilíbrio dentro de casa. “A gente só via isso em novela, em filme. É algo muito doloroso”, finaliza.

Mulher pede exame de DNA à Polícia Civil

Uma mulher, acompanhada da filha de 7 anos, procuraram pelo Instituto de Pesquisa DNA Forense, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na (21/10), para realizar um exame de DNA. A mulher, assim como Geruza Fernandes Ferreira, de 38 anos, suspeita que a filha possa ter sido trocada na maternidade do Hospital Regional de Planaltina, já que ambas nasceram no mesmo dia, em maio de 2014.

Outra família procura polícia para fazer exame de DNA

Mais um casal procurou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para descobrir se a filha foi trocada na maternidade do Hospital Regional de Planaltina, há sete anos. Agora, são duas famílias que suspeitam que suas bebês podem ter sido trocadas com a de Geruza Fernandes Ferreira.

Uma outra família procurou a corporação na quinta-feira (21/10), com a mesma dúvida. As crianças submetidas ao exame de DNA nasceram na unidade de saúde no mesmo dia que a menina criada por Geruza. A informação de uma segunda família ter a suspeita de troca foi confirmada pela mulher, que é informada do andamento das investigações sobre o caso pela própria polícia.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS