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Sakamoto: Bolsonaro torrou R$ 136 mil da nossa grana para tirar foto eleitoreira com Elon Musk

Encontro aconteceu em maio do ano passado em hotel de luxo no interior paulista

Foto: ReproduçãoMusk veio ao Brasil e se encontrou com Bolsonaro em maio de 2022
Musk veio ao Brasil e se encontrou com Bolsonaro em maio de 2022

Ainda vai levar um bom tempo para descobrirmos o montante de dinheiro público que o governo Jair Bolsonaro torrou de forma imoral ou ilegal para tentar reeleger o capitão. A falta de resultados à população da visita do bilionário Elon Musk ao Brasil aumenta essa fatura.

Bolsonaro recebeu Musk em um hotel de luxo, o Fasano Boa Vista, em Porto Feliz (SP), em 20 de maio do ano passado. Naquele momento, surgiu a promessa de que a internet por microssatélites de órbita baixa oferecida por sua Starlink chegaria a 19 mil escolas em regiões rurais do Brasil. O então presidente afirmou que conectaria 100% das escolas públicas da Região Norte até o final de 2022.

Mas reportagem de Rafael Neves, do UOL, nesta segunda (5), aponta que apenas três escolas contam com o sistema de recepção da Starlink, doadas para demonstrar como o serviço funciona. Ou seja, amostra grátis, tipo aqueles pedaços de panetone secos que os supermercados servem aos clientes quando o Natal esta chegando.

Cinco mil escolas esperam sua internet só na região. Enquanto isso, as antenas de Musk são contratadas por garimpos ilegais e usadas para criminosos fugirem da polícia e da fiscalização ambiental.

Requerimento da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados ao Ministério das Comunicações apontou que Bolsonaro gastou, ao menos, R$ 136 mil de dinheiro público para o planejamento e apoio logístico ao evento com Musk. O valor não inclui todas as despesas dos representantes do governo que foram ao evento.

Hoje, a antena de recepção da internet é vendida pela Starlink por R$ 1 mil. Ou seja, o oba-oba eleitoreiro poderia ter levado internet a 136 escolas e milhares de estudantes na Amazônia.

Como nada do prometido foi implementado, a viagem serviu para o então candidato à reeleição produzir foto, vídeo e exposição pública ao lado de Musk, tendo como claque alguns grandes empresários que torciam por sua vitória.

Naquele momento, bolsonaristas correram para encher a rede de postagens afirmando que o multibilionário, criador da Tesla, da SpaceX e, hoje, dono do Twitter, deslocou-se milhares de quilômetros para apoiá-lo na luta de Jair contra o mal. Leia-se, Lula. Bobagem, claro.

A Anatel já autorizou a Starlink a operar seus microssatélites no Brasil, porém a empresa não entrou no edital aberto, em outubro, para fornecer banda larga a escolas. Como Musk não joga dinheiro fora, a visita também serviu para destravar interesses do empresário no país.

No encontro, o brasileiro - criticado ao redor do mundo por fomentar o desmatamento e as queimadas na Amazônia - ainda afirmou que queria contar com a ajuda dos satélites do empresário para esclarecer "mentiras". Ou seja, criar uma nova narrativa em que seus crimes ambientais não apareçam. Considerando que eles não são os únicos satélites a monitorar a região, é mais uma besteira que nos fez passar vergonha lá fora.

Para além da inelegibilidade, que está no bico do corvo com a ação sobre o ato de campanha de Bolsonaro com embaixadores do Palácio do Alvorada, pronta para ser julgada no Tribunal Superior Eleitoral, seria ótimo se todo esse prejuízo aos cofres públicos fosse contabilizado para posterior devolução à nação pelo então candidato e o seu partido. Vender uns imóveis para ressarcir ao erário seria uma opção. Se bem que, neste caso, ele poderia estar devolvendo dinheiro que já era público.


Com informações do BDF

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