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“Reconhecer meus erros, pedir desculpas e, se possível, reparar pessoas", Marcius Melhem

A Folha de São Paulo publicou denúncias de assédio sexual reportadas, por ao menos 12 mulheres, contra o ator e diretor

A Folha de São Paulo publicou, no último sábado (24), denúncias de assédio sexual reportadas por ao menos 12 mulheres contra o ator, humorista e ex-diretor do núcleo de humor da TV Globo, Marcius Melhem. 

No Twitter, Marcius deu sua versão:

Sobre a matéria da Folha, como escrever uma nota pra comentar acusações dessa gravidade?

Culpados e inocentes dizem a mesma coisa. “Sou inocente.” “Vou provar na justiça”. Por isso qualquer coisa que eu diga pode soar falsa de cara.

Mas preciso falar e com o tempo mostrar minha sinceridade no que vou dizer aqui.

Estou disposto a reconhecer meus erros, pedir desculpas e, se possível, reparar pessoas que eu tenha de qualquer forma magoado. Quero enfrentar isso com verdade e humanidade e me expor se for preciso.

Fazer jus a todos esses anos em que pautas como as do feminismo foram abraçadas pelo humor transformador em que eu acredito. Fiz parte de um grupo de homens e mulheres que se orgulha de usar o humor como um instrumento contra o preconceito.

Mas, mesmo abraçando profissionalmente a causa feminista, ainda combato o machismo dentro de mim, erro, posso ter relações que magoem. Tento melhorar e aprender. E queria muito falar sobre isso.

Mas, diante de acusações tão graves que de forma alguma cometi, o que eu posso fazer? Negar.

Eu coloco à disposição toda minha comunicação que tenho arquivada, com qualquer pessoa que tenha trabalhado ou se relacionado comigo nesses anos. E peço que ouçam as pessoas que trabalharam comigo, que acompanharam muitas situações de perto e que podem falar bastante sobre isso tudo.

Peço, por favor, que apurem a verdade e não apoiem mentiras.

Há alguns meses, tive que sair do país para um importante tratamento médico de minha filha e não acreditei quando essa viagem passou a ser divulgada como uma fuga.

Qualquer pessoa que me conheça, que tenha convivido minimamente comigo, sabe que é impossível eu praticar alguma violência, especialmente contra as mulheres. Jamais seria capaz de emparedar alguém à força.

Até hoje eu fiquei calado porque as acusações não apareceram aqui fora. No compliance da rede Globo, tudo foi apurado e investigado rigorosamente. Saí pela porta da frente da emissora em que trabalhei por 17 anos.

Sei que num caso desses, ainda mais no momento que vivemos, de tanto ódio, serei culpado até provar o contrário.

Então quero que tudo seja colocado às claras, expor a minha inocência e os meus erros. Quero poder pedir desculpas e cobrar responsabilidades. Vou em busca da verdade.

A Rede Globo também se manifestou. A emissora publicou nota.

Veja a nota na íntegra:

“A Globo não comenta assuntos da área de compliance, mas reafirma que todo relato de assédio, moral ou sexual, é apurado criteriosamente assim que a empresa toma conhecimento. A Globo não tolera comportamentos abusivos em suas equipes e, neste sentido, mantém um canal aberto para denúncias de violação às regras do Código de Ética do Grupo Globo. Por esse Código, assumimos o compromisso de sigilo do processo, assim como o de investigar, não fazer comentários sobre as apurações e tomar as medidas cabíveis, que podem ir de uma advertência a té o desligamento do colaborador. Mesmo nas hipóteses de desligamento, as razões de compliance não são tornadas públicas.

Somos muito criteriosos para que os estilos de gestão estejam adequados aos comportamentos e posturas que a Globo quer incentivar e para que as medidas adotadas estejam de acordo com o que foi apurado. Não foi diferente nesse caso.

Isso não quer dizer que os processos de compliance sejam estáticos. Ao contrário. Eles evoluem constantemente para acompanhar as discussões da sociedade. As práticas e as avaliações são revistas o tempo inteiro, assim como são propostas e acolhidas sugestões de melhoria nos mecanismos de comunicação interna. A própria sociedade está se transformando e a empresa acompanha esse processo.”

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