Política

Programa de Tarcísio vê piora na corrupção e irrita bolsonaristas

Candidato a governador de SP também enfrenta fogo amigo por aliança com Kassab

  • sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Foto: Bruno SantosTarcísio de Freitas
Tarcísio de Freitas

Yahoo - O programa de governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) diz que a corrupção piorou "ao longo dos anos" no Brasil, contrariando o discurso de seu padrinho na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A citação, encontrada na página 39 das 43 que integram o documento lançado na quarta (10), irritou ainda mais os aliados mais bolsonaristas do presidente -que têm se desdobrado em críticas ao ex-ministro da Infraestrutura sacado para a campanha pelo ex-chefe.

"Atualmente, em 2022, o pais encontra-se na 96ª posicao (de 180 paises avaliados) do ranking de corrupcao elaborado pela Transparencia Internacional, com piora na situacao ao longo dos anos e necessidade de mais regras e ferramentas regionais para combate da corrupcao", diz o texto.

O Brasil caiu, neste ano em relação a 2021, duas posições no ranking global da ONG. Ficou com 38 pontos de nota, numa escala de 0 a 100, abaixo da média de 43 pontos.

Por óbvio dado que Tarcísio é candidato a governador, o texto então diz que os mecanismos de controle de governança precisam ser aprimorados em nível estadual também, mas a candura da admissão foi objeto de críticas.

Afinal de contas, Bolsonaro viu ruir um dos pilares de sua campanha de 2018, a percepção de que combateria a corrupção.

Segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, 73% dos brasileiros acreditam que a prática é disseminada na administração federal. Por outro lado, para sorte relativa do presidente, hoje a corrupção é vista como um problema secundário.

O próprio Bolsonaro tem modulado seu discurso sobre o tema, evitando falar que não há corrupção no governo e dizendo que pode haver casos isolados. Mas, diz um aliado próximo, ele não precisa que seu aliado o lembre disso em um documento de campanha.

O escorregão alimenta a animosidade contra Tarcísio em Brasília, onde é chamado de "traidor" por aliados do presidente, como a Folha mostrou.

Um motivo central é sua proximidade com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que abandonou a candidatura própria em São Paulo e emplacou seu então nome para o Bandeirantes, o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth, na vice de Tarcísio.

O cacique pessedista também é um crítico de Bolsonaro e é visto como apoiador certo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno. Isso estimulou a teoria segundo a qual ele aposta em Tarcísio como um eventual futuro candidato a presidente herdeiro dos votos do atual titular do Planalto.

Para os bolsonaristas, Kassab tomou conta, politicamente, da campanha, até pela inaptidão política do grupo ligado ao presidente em São Paulo. Mas isso desagradou também apoiadores de Bolsonaro no centrão, como o chefe do PL, Valdemar Costa Neto, que tem sua base em Mogi das Cruzes.

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