Política

PF intima líder indígena Sônia Guajajara por “difamar” o governo

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil diz que inquérito foi aberto a pedido da Fundação Nacional do Índio por causa da websérie Maracá

  • sábado, 1 de maio de 2021

Foto: Agência BrasilSônia Guajajara
Sônia Guajajara

 

A líder indígena Sônia Guajajara foi intimada pela Polícia Federal a prestar depoimento, como representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), em inquérito provocado pela Fundação Nacional do Índio (Funai), por causa da websérie Maracá.

“O órgão cuja missão institucional é proteger e promover os direitos dos povos do Brasil acusa a Apib de difamar o governo federal com a websérie Maracá”, afirma a entidade, em nota.

Lançada em 2020, a websérie denunciou violações cometidas contra os direitos dos povos indígenas, durante a pandemia da Covid-19. Essas denúncias também foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Os discursos carregados de racismo e ódio do governo federal estimulam violações contra nossas comunidades e paralisam as ações do Estado, que deveria promover assistência, proteção e garantias de direitos”, destaca a nota.

“E agora, o governo busca intimidar os povos indígenas em uma nítida tentativa de cercear nossa liberdade de expressão, que é a ferramenta mais importante para denunciar as violações de direitos humanos. Atualmente, mais da metade dos povos indígenas foi diretamente atingida pela Covid-19, com mais de 53 mil casos confirmados e 1.059 mortos”, acrescenta o documento.

“A perseguição desse governo é inaceitável e absurda! Eles não nos calarão!”, escreveu a líder indígena.


A Funai disse que não comenta fatos que estão sob apuração em âmbito policial, mas afirmou que não compactua “com qualquer postura supostamente ilícita, uma vez que sua função é defender o interesse público”, sem dizer qual seria ela. A PF também foi contatada, mas não respondeu.

Repercussão

Após a intimação vir à tona, diversos políticos e organização se manifestaram em apoio a líder indígenas e criticando o governo Jair Bolsonaro. “É o governo da mentira perseguindo e tentando intimidar aqueles que denunciam a verdade. Não vão conseguir”, escreveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


A líder do PSol na Câmara, Talíria Petrone (RJ), destacou que este é o mês da resistência indígena e criticou: “A cruzada do governo federal pra silenciar lideranças políticas continua!”.


 

Siga nas redes sociais

Deixe sua opinião: