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Paciente com remissão de câncer já faz caminhadas sozinho

Paulo Peregrino fez tratamento com as próprias células de defesa modificadas em laboratório

Foto: Sandro Queiroz/TV GloboPaulo Peregrino
Paulo Peregrino

G1 - Quase três meses depois de passar por um tratamento considerado revolucionário no combate ao câncer, o paciente Paulo Peregrino voltou a fazer caminhadas em São Paulo. O publicitário combatia o câncer havia 13 anos e teve remissão completa do linfoma em 30 dias com CAR-T Cell.

Paulo estava prestes a receber cuidados paliativos quando, entre março e abril, foi o 14º paciente a ser tratado pela terapia. A técnica combate a doença com as próprias células de defesa do paciente modificadas em laboratório e faz parte de um estudo que usa verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Todos os pacientes aceitos no método tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS). Oito deles estão vivos.

O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O protocolo contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país. 

"Acho que só deixei de caminhar um dia ou dois depois da alta. Mas estou falando naquelas caminhadas no fundo do prédio, de cerca de 10 minutos. A fisioterapeuta me viu caminhando e ficou orgulhosa. Disse que ficou impressionada. Talvez por isso me chamo Peregrino", brinca.

Paulo deixou o hospital em 28 de maio, mas teve uma febre na semana passada. Voltou ao Hospital das Clínicas para receber acompanhamento e saiu nesta sexta-feira (16) a pé e com uma mochila nas costas.

Foram 2.437 passos, 1.610 metros e 25 minutos caminhando até um mercado. A volta para casa foi com um motorista por aplicativo.

Quando não caminha no terreno do prédio em que alugou um apartamento na capital paulista enquanto ainda é monitorado pelos médicos, Paulo se debruça no projeto do livro que irá contar a saga de mais de dez anos na luta contra a doença.

"Neste fim de semana quero terminar de ajustar a cronologia. Quero inserir dados com ajuda da minha esposa, ver fotos e separá-las por datas. Já são 55 páginas", comemora.

O publicitário de 61 anos é o caso mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos com os 14 pacientes do Centro de Terapia Celular. O protocolo foi adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, desde 2019.

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