Pensar Piauí

O rosto da fome em Teresina

Com a pandemia, aumentou o número de pedintes e pessoas em situação de miséria entre os quase um milhão de habitantes da capital piauiense

Foto: Reprodução/UESPIO rosto da fome na capital
O rosto da fome na capital

Por Orlando Berti, professor de Jornalismo da Uespi 

​O avanço da pandemia de Covid-19 em todo o Piauí trouxe uma série de consequências graves e que durarão ainda por muito tempo. Uma delas é a fome. Com a pandemia, aumentou o número de pedintes e pessoas em situação de miséria entre os quase um milhão de habitantes da capital piauiense. Tentando refletir jornalisticamente essa situação, um grupo de estudantes de Jornalismo da UESPI – Universidade Estadual do Piauí, concorreu a um edital nacional e foi uma das equipes vencedoras do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão. Depois de dois meses de pesquisas e entrevistas foi concretizado a reportagem “O rosto da fome em Teresina”.

O material jornalístico foi pensado, produzido e editado pelas acadêmicas do quinto período de Jornalismo da UESPI, campus Poeta Torquato Neto (Teresina): Amanda Bonfim Lima, Isabella Rosseline Monteiro Silva e Mara Gislianne Costa Cavalcante e tiveram orientação da jornalista Anelize Moreira e do professor Orlando Berti.

Foto: ReproduçãoPopulação passa fome em Teresina
População passa fome em Teresina

 

Nessa edição do prêmio este ano havia a necessidade da resposta da pergunta: “Qual pauta pretendem produzir para mostrar a nova cara do mundo que está diante de todos nós?”. Segundo a acadêmica Mara Cavalcante foi decidido focar na produção do tema “O rosto da fome”, mostrando a realidade de famílias que passam por dificuldades em manter refeições diárias em suas residências, mantendo um quadro de insegurança alimentar grave, e como a pandemia de coronavírus impôs mudanças e novos desafios para todos os habitantes, pois os grupos que já viviam em situação de vulnerabilidade foram ainda mais afetados. 

Diante de dados como o suplemento de segurança alimentar da pesquisa de orçamentos familiares (POF), divulgados no ano de 2020, o Piauí é o 12° estado com a maior proporção de domicílios a sofrerem com a insegurança alimentar no país. E as provas disso estão no nosso dia a dia, sempre passamos por pessoas pedindo dinheiro e comida nos sinais ao redor da cidade, e essas pessoas, essas histórias, nos instigaram a realizar esse trabalho. 

“Fomos às ruas mostrar essa realidade na cidade de Teresina. Uma realidade que muitos desconhecem, a dor da fome. A mãe que não tem como alimentar seus filhos, o pai que precisa percorrer quilômetros para pedir dinheiro no sinal, enquanto sua família espera em casa, na esperança que o ganho consiga suprir as necessidades de todos, a avó que não tem como alimentar a neta, diferentes histórias que conhecem o mesmo sofrimento”, refletiu Mara Cavalcante.

Segundo Amanda Bonfim e Isabella Monteiro, participar do Prêmio Jovem Jornalista trouxe um misto de sensações, a primeira delas foi de alegria ao descobrir serem contempladas em uma premiação tão importante, mas também houve a sensação de frustração ao perceberem que nem tudo poderia sair do jeito que desejavam. Sensação de emoção ao contar histórias reais de pessoas esquecidas dentro da nossa sociedade.

“No início do processo, estávamos cheias de dúvidas sobre como prosseguir com uma reportagem tão difícil. Entretanto, fomos orientados com muita cautela, desde já queríamos agradecer. Fomos orientadas a entrar em contato direto com essas realidades, ir às ruas, ver de perto o que essas pessoas passam, e isso foi de uma importância muito grande para nós, como jornalistas e como pessoas. Só assim conseguimos transmitir para vocês a emoção e a dor que essas pessoas passam diariamente”, destacou Mara Cavalcante.

Veja a reportagem vencedora do prêmio:

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