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O piauiense Cláudio Roberto enfim recebeu sua medalha de prata das Olimpíadas de Sydney

Cláudio esperou exatos 7.379 dias, cujo final feliz ocorreu neste domingo, em São Paulo

  • segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Foto: GECláudio Roberto
Cláudio Roberto

Cláudio Roberto de Sousa devotou a maior parte de seus 47 anos de vida ao atletismo. Mas sua maior recompensa pelo esforço nas pistas só chegou às suas mão 20 anos, dois meses e 13 dias depois de conquistá-la. Na manhã de ontem, após o fim do Troféu Brasil de Atletismo, o ex-velocista enfim recebeu a medalha olímpica de prata pelo revezamento 4x100m brasileiro que deveria ter colocado no peito em 30 de setembro de 2000, durante as Olimpíadas de Sydney

A cerimônia que corrigiu a injustiça histórica se deu após as provas do Troféu Brasil de Atletismo. Claudinho, como é conhecido no meio do atletismo, teve a companhia dos quatro atletas que foram titulares naquele revezamento e que ganharam suas medalhas 20 anos atrás (Vicente Lenilson, Edson Luciano Ribeiro, André Domingos e Claudinei Quirino). Antes de receber a medalha, Claudinho ainda correu na pista ao lado dos amigos, em um revezamento simbólico em homenagem à marca.

- A medalha chegou, agora é curtir o momento. Na verdade, já venho curtindo esse momento há alguns meses. Mas, agora, com a medalha no peito. Agora é exibi-la, é olhar para ela, beijar, pegar. Agora, sim, posso mandar fazer meu quadro de medalhas. Não tinha feito ainda porque não tinha sentido, uma estava faltando - disse o medalhista.

O piauiense deixou a cidade de Teresina, onde mora, no começo da tarde de sábado. Tomou um voo para São Paulo ao lado de sua mulher, Carla, e chegou à capital paulista no final da tarde. Ao chegar ao hotel onde se hospedou, fez um teste para detecção de Covid-19 e reencontrou rapidamente os quatro companheiros de revezamento 4x100m de Sydney.

Na manhã de ontem, chegou cedo à pista do Centro Olímpico, pouco depois das 9h, e acomodou-se na arquibancada enquanto esperava pela solenidade que o tornaria um medalhista olímpico de fato. Enquanto acompanhava as provas e se preparava para seu grande momento, repassou imagens daquele dia em Sydney e da espera por anos e anos.

Foto: GECláudio Roberto

Naquela final do 4x100m de Sydney 2000, o Brasil, com Vicente, Edson, André e Claudinei, cravou o tempo de 37s90 conquistou a medalha de prata, atrás dos Estados Unidos (37s61) e logo à frente de Cuba (38s04). Mesmo sendo reserva e tendo corrido apenas a eliminatória da prova, no dia anterior Cláudio teria direito à medalha. Só não foi ao pódio naquele momento porque o protocolo restringe a cerimônia aos quatro atletas que correm a final.

Cláudio esperou exatos 7.379 dias, cujo final feliz ocorreu neste domingo, em São Paulo.

Quando o quarteto brasileiro do 4x100m subiu ao pódio para receber as medalhas de prata nas Olimpíadas de Sydney, Cláudio foi informado de que ganharia a dele "nos bastidores". Porém, como a equipe partiria de volta para o Brasil no dia seguinte para comemorações e homenagens, o piauiense acabou avisado por autoridades da delegação do país que deveria receber a distinção em solo nacional.

O velocista chegou ao país, participou de festejos em carro aberto e solenidades, ganhou reconhecimento. Foi incluído em um programa da Caixa Econômica Federal, empresa que patrocina o atletismo brasileiro, chamado "Heróis Olímpicos". Seu nome passou a constar da relação de medalhistas nos sites oficiais do COI (Comitê Olímpico Internacional) e do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

A medalha, porém, demorou a chegar às suas mãos.

A medalha chegou ao COB em agosto, e no meio tempo foi pensada uma maneira de entregá-la com alguma pompa a Cláudio em que pesem todas as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. A opção encontrada foi fazê-lo durante o Troféu Brasil de Atletismo, que terminou neste domingo.

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