Pensar Piauí

O jornalismo de esgoto sempre destaca e hiper interpreta frase do Lula

Lula ainda incomoda

Foto: MaisPBLula
Lula

 

Por Gustavo Condee, no facebook

A interpretação bastarda, deturpada e enviesada que deram ao enunciado de Lula sobre o coronavírus revela outra coisa (além da pobreza cognitiva endêmica do país): ele ainda incomoda.

Em um Brasil que se acostumou a se chocar com as frases de Bolsonaro, parece que só nos restou isso: frases polêmicas.

Nem importa o sentido. Se houver uma 'cifra' mais afeita à sensibilidade bestial, rasa e personalista dos subleitores pretensamente críticos, proceda-se o linchamento.

É o mesmo processo dos cancelamentos (aquele que se usa para espancar Felipe Neto - eu sou chato, vou repetir isso até o apocalipse -, Lima Duarte, Jilmar Tatto e afins).

Lula experimentou isso a vida toda. Suas frases sempre foram destacadas e hiper interpretadas por nosso jornalismo de esgoto.

O detalhe é que 'alguém' fez disso um protocolo: as frases genocidas - e literais - de Bolsonaro atiçam a 'militância dos 30%' e cumprem a função de servir de combustível social para a manutenção do ódio.

É um processo interminável de cancelamento não de pessoas, mas do próprio sentido (da própria razão de ser do debate público e democrático).

Lula sempre resistiu às distorções de seu discurso com muita elegância e humildade, abrindo assim mais uma frente virtuosa para que o país fosse discutido com qualidade técnica e política.

O bolsonarismo deturpou esse procedimento, tornando automática a produção de frases polêmicas, ambíguas e frontalmente antidemocráticas, fazendo desse protocolo a chave para uma hiper exposição que vence pelo cansaço.

Ver a imprensa e setores da direita, do centro e da 'exquerda' condenando Lula pela declaração falsamente polêmica sobre o coronavírus e sua relação com o Estado, fez bater até uma saudade.

Saudade de quando ainda tínhamos a possibilidade de testemunhar uma 'declaração infeliz'.

Hoje, não existe mais isso.

Hoje, todas as declarações são infelizes - e ninguém se importa.

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