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O desabafo de Guilherme Arantes sobre televisão e redes sociais

Arantes é um dos artistas mais influentes da música brasileira

 

Foto: Montagem pensarpiauiGuilherme Arantes
Guilherme Arantes

Guilherme Arantes viralizou neste fim de semana após um desabafo em seu Facebook em que expressou seu descontentamento com o mundo da televisão, das redes sociais e os efeitos da fama.

Veja o que ele escreveu: 

me perguntam porque evito fazer televisão .

é que tenho percebido que minha imagem pode trazer danos à audiência.

e que a "audiência" da TV pode trazer danos para mim .

explico .

Sei que a TV foi maravilhosa para nossas gerações, especialmente a minha .

Tenho total reconhecimento . Amo a TV .

Amei existir e fazer parte dela.

Mas era outra TV .

Outro jeito de se fazer. A gente cantava, e pronto.

Não tinham os componentes e as fórmulas que vingaram nos tempos atuais.

Ficou bem complicado agora, com interatividade e o voyerismo invasivo, científico, dos talk shows...

E sei que os programas das TVs vivem na corda-bamba, lutando desesperadamente por audiência.

Muito da TV, hoje, se constrói em função do que vem e do que causa nas Redes Sociais.

E isso é Orwelliano, diabólico.

Não quero constranger o público, também, já que hoje em dia as pessoas são todas muito bonitas nas redes sociais, nas mídias.

Esta é a época de Ouro da humanidade, em que os seres humanos são todos simplesmente maravilhosos e todos muito virtuosos, com seus milhões de seguidores .

todo mundo faz a sua lição de casa, bonitinhos, com seus sorrisos e mensagens agregadoras, ou estudadamente "chocantes" , provocativas , vale tudo desde que sejam de alguma forma eficientes para angariar seguidores.

É a Nova Verdade.

Diga-me quantos te seguem, e te direi Quem És.

Sinto um constrangimento em existir, ainda.

Sei que já passou o tempo de eu estar enterrado num passado de lembranças, e não incomodar mais.

Só que eu, Guilherme Arantes, insisto em não morrer ( seria o ideal ) , e estou nascendo hoje para o futuro e insisto em dizer pra mim mesmo : eu existo. Dane-se o incomodo que causar.

Anos atrás, fui fazer o Fausto Silva e a Anne

Lottermann me perguntou se eu sentia saudades da cabeleira , da minha juventude.

Sei que foi uma pergunta inocente e burrinha, coitadinha, , porque eu lhe respondi na lata.

Fiquei surpreso com a pergunta "na lata" .

As pessoas na TV têm que ser lindas.

isso é inquestionável.

Respondi que eu nao sinto saudades porque o meu conteúdo cerebral de hoje, o meu carisma até para responder ... não dá para comparar com o conteúdo "ralinho" , o carisma fraquinho que eu tinha no tempo dos cabelões, que aliás, hoje data de mais de 40 anos, a provável idade dela.

Não quero mais televisão porque quando é para ser entrevistado, a pergunta já vem pautada para "causar" , e as falas na TV são sempre tóxicas, trazem aborrecimentos e perdas pessoais.

Tenho visto colegas entrarem nessa roubada de " debates" , de temas, de "pautas", cujo único propósito é colocar o artista frente a frente com o paredão de fuzilamento da polarização,

até aí, vai quem quer .

Aí, quando é para cantar, aí as produções querem os "hits" mais comportadinhos e digestivos, que garantam a audiência através dos "grandes sucessos" , que não tragam questionamento novo algum .

É um tempo muito difícil de se estar vivo .

Muito fácil para se estar morto .

Guilherme Arantes é um cantor, compositor e pianista brasileiro nascido em 28 de julho de 1953, em São Paulo. Ele é um dos artistas mais influentes da música brasileira, com uma carreira que se estende por várias décadas desde os anos 70.

Seu início de carreira foi marcado pela banda “Moto Perpétuo”, que teve breve duração. No entanto, Arantes logo empreendeu uma carreira solo, e ao longo dos anos, consagrou-se com uma série de sucessos que se tornaram clássicos, como “Meu Mundo e Nada Mais”, “Planeta Água”, “Cheia de Charme”, “Amanhã”, entre outras.

Arantes tem uma habilidade notável de transitar entre diferentes estilos musicais, desde o rock progressivo de seus primeiros anos até o pop romântico e a MPB. Sua capacidade de criar melodias cativantes e letras poéticas o distinguiu como um dos compositores mais prolíficos e amados do Brasil.

Ao longo dos anos, ele também manteve uma postura discreta em relação à sua vida pessoal e às polêmicas da indústria musical, preferindo focar em sua produção artística e em suas paixões, como a natureza e a espiritualidade.

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