Nada de carrão... chegando de ônibus ao casamento

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Após conhecer o noivo em um ônibus e fazer com ele um ensaio fotográfico pré-casamento dentro de um veículo, na Zona Oeste do Recife, Raíza Melo decidiu que chegaria ao casamento com Thiago Conrado em um coletivo da linha Barro/Macaxeira (Várzea), na sexta (6).

A escolha do ônibus para o ensaio e para a chegada à igreja celebrou o encontro dos dois, que aconteceu no transporte público.

A noiva tirou novas fotos no ônibus, desta vez pronta para o casamento. Depois, para não estragar cabelo e maquiagem, foi de carro até um local perto de onde ocorreria a cerimônia, onde o ônibus a esperava. Lá, ela subiu no coletivo que a levou até o local da solenidade religiosa.

A história de amor deles começou quando Raíza, depois de correr bastante atrás do ônibus, perdeu o 202 - Barro/Macaxeira (Várzea). Frustrada, ela viu, no local, Thiago com uma calculadora científica embaixo do braço.

No ônibus, que costuma estar sempre lotado, eles conseguiram sentar juntos e na cadeira alta, que costuma ser disputada pelos passageiros. A aproximação física foi encerrada pela chegada de uma grávida de 9 meses. Thiago, gentilmente, deu lugar à gestante.

No Terminal do Barro, na Zona Oeste, o "futuro casal" desceu do ônibus e seguiu para o metrô. Ambos sem dar muita importância à companhia na viagem. Semanas depois, o destino, ou a lotação do Barro Macaxeira (Várzea), permitiu o reencontro.

Na época, Raíza estagiava na biblioteca do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco UFPE.

Ao descobrir isso, Thiago, que estudava no Centro de Ciências Exatas e da Natureza, da mesma instituição, percorria mais de um quilômetro nos intervalos para estudar na biblioteca. O que começou como encontros aleatórios se tornou parte da rotina dela.

Ensaio no ônibus

O ensaio pré-casamento foi um presente da fotógrafa Mônica Silva, amiga do casal. Nas fotos, os dois remontam cenas comuns ao cotidiano do transporte público no Grande Recife, como a compra de pipoca de ambulantes, para "enganar a fome".

Eles fotografaram até uma "pulada" de catraca e fingiram dormir sentados no ônibus, como faziam quando eram apenas dois estudantes cansados.

Numa época pré-Instagram e WhatsApp, o casal se comunicava por SMS. Ela morava no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Ele, no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul da capital. Passaram oito anos juntos até que, na pandemia da Covid-19, decidiram morar juntos.

Transportar passageiros para seus destinos é o trabalho de Dirceu Maurício Maia há 26 anos em Jundiaí (SP). Como uma forma de homenageá-lo, a filha decidiu chegar ao casamento no ônibus que o pai dirige diariamente na cidade. 

A chegada inusitada à igreja ocorreu no sábado 5 de novembro de 2022, em uma cerimônia realizada na Assembleia de Deus Ministério Belém, na região do bairro Vianelo, em Jundiaí

Hellen Jeanne Maia, de 19 anos, contou que a ideia foi do noivo dela, Felipe do Prado, de 27 anos. A família concordou com o plano e se mobilizou para ajudar. 

O pai de Hellen entrou em contato com a empresa do transporte coletivo para a qual trabalha e foi autorizado a usar um dos veículos para levar a filha ao casamento. 

 “A carreira inteira do meu pai foi como motorista de ônibus. Sou a filha mais velha, foi o primeiro casamento. Então, é uma emoção muito especial.”

Um ônibus foi palco do casamento de dois pernambucanos. A nutricionista Maria Nazaré Lima de Souza e o funcionário público Santo Marinho se conheceram há dez anos em um coletivo da linha CDU/Várzea, que circula pela Zona Oeste do Recife. Por isso, escolheram o veículo para o local da cerimônia de união.

Estudante à época, Maria Nazaré estava a caminho da faculdade, quando um homem sentou ao lado dela. 

Comunicativo, Sandro puxou papo e, ao longo da conversa, os dois acabaram trocando números de telefone. Os dois acabaram engatando um namoro, que teve idas e vindas. No ano passado, os dois decidiram casar no mesmo lugar em que a história de amor começou.

O ônibus da mesma linha onde os noivos se viram pela primeira vez foi decorado, com tapete vermelho e flores. Os 30 convidados embarcaram na viagem. A decoração e a passagem foram bancadas pela empresa de ônibus, que também emprestou o motorista.

A cerimônia ficou por conta de um pastor que já celebrou muitos outros casamentos. “Mas no ônibus, foi a primeira vez”, garante o pastor Rodrigo Araújo.

A união foi oficializada com o coletivo a caminho da festa. Nem mesmo o balançar do veículo atrapalhou o casal. “Muitos balanços desses a gente viveu na vida, e ele sempre me segurou, então tá de boa”, resumiu Nazaré.