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Na contramão de outros artistas Jorge de Altinho diz que não fará live: saúde é o interesse do momento

O cantor lembrou que os artistas do Nordeste, que trabalham em função do São João, estão sendo duramente prejudicados

Foto: FacebookJorge de Altinho
Jorge de Altinho

Jorge de Altinho, no facebook 

SOBRE LIVE – Agradeço aos amigos e fãs que têm me enviado mensagens, pedindo para fazer live. É gratificante saber que lembraram de mim, mas NÃO VOU FAZER. Por alguns motivos:

PRIMEIRO – Estou obedecendo à recomendação do distanciamento social, já há quase 30 dias sem sair de casa, em Altinho. Tenho mais de 60 anos, então cuidado redobrado. Tenho feito e recomendo a todos que não precisam sair, que não saiam de casa mesmo. Portanto, não vou pedir a músicos, técnicos e cinegrafistas que venham até mim, quando a recomendação é FICAR EM CASA;

SEGUNDO – Não toco instrumentos, arranho um violãozinho safado rsrs (mesmo assim, nem trouxe), e não me sentiria à vontade de fazer um show virtual sem os músicos que me acompanham há tanto tempo. Quem me conhece sabe como tenho zelo com os arranjos das músicas, a boa execução, a gente ensaia bastante... e não faria diferente agora;

TERCEIRO – Como parte das comemorações de 40 anos de carreira, estamos finalizando um material inédito, que estará disponível em breve. Quem acompanha meu trabalho vai lembrar de muita coisa interessante; e quem não conhece, vai entender um pouco sobre uma época em que fazer música tinha um processo diferente do que a maioria hoje está acostumada. Aguardem!!!

POR FIM, algumas reflexões:

Essa pandemia está nos forçando a exercitar sentimentos nobres como respeito, solidariedade, empatia... Nós artistas do Nordeste, que trabalhamos muito em função do São João, estamos sendo duramente prejudicados e, junto conosco, tem uma cadeia produtiva que atinge outras dezenas de profissionais que vão precisar de um gesto solidário por parte do público, dos amigos, familiares e poder público. Não é época de pensar em festa mesmo. Estejamos unidos e colaborando para o bem estar coletivo. A saúde de todos precisa estar acima de qualquer outro interesse no momento. Mas não vamos nos omitir de fazer o que pudermos para ajudar. Tem gente que ajuda e gosta de mostrar, dar publicidade aos gestos de partilha. Tem gente que faz em silêncio. Não há mal nenhum em ambos os casos, desde que o objetivo seja realmente de ajudar.

Sem cobrança e sem julgamento, podemos começar olhando para quem estar perto, na família, na vizinhança, na rua, no bairro, no círculo de amizade... As lives, com super estruturas ou bem simples, arrecadando doações ou não, devem servir para matar a fome de comida ou de arte, de alento... todas servem, mas não precisam ser motivos de comparação nem de vaidade.

Não nos esqueçamos que uma pequena ajuda em dinheiro (para quem puder), um telefonema, uma palavra de conforto, de lembrança... também salvam vidas.

Cada um tem o direito de vivenciar esse momento como quiser, com mais música ou menos música... mais ou menos oração... mais ou menos silêncio... mais ou menos alegria... só não tem o direito de colocar a vida do outro em risco.

Em breve, voltaremos renovados na fé e certos de que os momentos da vida merecem, sim, celebrarmos com boa música e boas festas!

Uma Feliz Páscoa a todos!

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