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Medicina: R$ 10 mil por mês, punhetaços, bundas de fora e gritos preconceituosos

Novos vídeos mostram que a prática é generalizada, inclusive entre as moças

Foto: DivulgaçãoAlunos de medicina
Alunos de medicina

Fórum - O vídeo se espalhou nas redes no final de semana e causou indignação em vários setores da sociedade, entre eles entidades estudantis, políticos, autoridades, membros da Justiça entre outros. Durante o Intermed de São Paulo de 2023, jogos universitários entre estudantes de Medicina, ocorrido em São Carlos nos meses de abril e maio deste ano, alunos da Universidade Santo Amaro (Unisa) entraram na quadra e simularam uma masturbação coletiva. O ato ocorreu durante um jogo de vôlei feminino.

Em função do ocorrido, a Unisa informou em nota (veja a nota completa abaixo) que decidiu expulsar 6 estudantes que foram identificados no vídeo. “Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis”, diz a nota. “A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores”, informa ainda a universidade.

Novos vídeos

Novos vídeos dos mesmos jogos, que passaram a circular nas redes assim que o episódio tomou grandes proporções, no entanto, mostram que a prática é generalizada. As brincadeiras de cunho sexual envolvendo homens que mostram a genitália e meninas de bunda de fora são práticas comuns nos jogos envolvendo faculdades de Medicina.

Alunos abastados, que pagam mensalidades em torno de R$ 10 mil, se comportam desta maneira desde sempre diante dos olhos de todos, inclusiva das direções das universidades, que fazem vista grossa, tratando provavelmente como “coisa de meninos”.

Veja alguns vídeos abaixo:

Cantos preconceituosos

Conforme reportagem publicada nesta Fórum, também durante o Intermed, só que desta vez no Espírito Santo, em 2022, alunos da UNIG (Universidade Iguaçu) foram filmados cantando para a equipe adversária: "Ei, eu sou playboy, não tenho culpa se seu pai é motoboy". Além deste canto, os estudantes também gritavam: “meu dinheiro não acaba”, em provocação aos adversários.

A UNIG informou em nota ao BHAZ que “não tem ingerência sobre cânticos ou gritos de guerra entoados pelos alunos, principalmente em ambiente externo”.

Veja o vídeo abaixo:

"Vítimas não percebem que são vítimas"

A promotora de Justiça Fabiana Dal'mas declarou em entrevista à GloboNews que o caso pode ser enquadrado como crime sexual mais grave. Segundo a promotora, ressaltando que o fato da prática ser disseminada não diminui a violência do delito.

“Essa atitude mostra uma postura misógina, violenta, de estudantes de Medicina que são responsáveis pelo cuidado. Isso é assustador. E sim, infelizmente a gente verifica a pratica de um crime. Há indícios ali de pratica de importunação sexual. A naturalização da violência de gênero é um fenômeno. Muitas vezes, as vítimas não se percebem vítimas. Elas acham que foi brincadeira, brincadeira de mau gosto, mas as imagens são bem claras no sentido de que houve uma pratica violenta. Uma violência que não apenas ofende a dignidade sexual das mulheres que estavam lá, mas de toda coletividade. podendo inclusive ensejar um dano coletivo”, afirma.

Nota da Unisa

A Universidade Santo Amaro - Unisa informa que, na manhã de hoje, dia 18 de setembro, sua Reitoria tomou conhecimento de publicações em redes sociais divulgadas durante o fim de semana de 16 e 17 de setembro, contendo gravíssimas ocorrências envolvendo alunos do seu curso de Medicina.

De acordo com tais vídeos, alguns alunos, todos do sexo masculino, executaram atos execráveis, ao se exporem seminus e simularem atos de cunho sexual, durante competição esportiva envolvendo estudantes de Medicina da Unisa e de outra Universidade, realizada na cidade de São Carlos.

Assim que tomou conhecimento de tais fatos, mesmo tendo esses ocorrido fora de dependências da Unisa e sem responsabilidade da mesma sobre tais competições, a Instituição aplicou sua sanção mais severa prevista em regimento, ainda nesta mesma segunda-feira (18/09), com a expulsão dos alunos identificados até o momento.

Considerando ainda a gravidade dos fatos, a Unisa já levou o caso às autoridades públicas, contribuindo prontamente com as demais investigações e providências cabíveis.

A Unisa, Instituição com mais de 55 anos de história, repudia veementemente esse tipo de comportamento, completamente antagônico à sua história e aos seus valores.

São Paulo, 18 de setembro de 2023.

Prof. Dr. Elói Francisco Rosa

Reitor – Universidade Santo Amaro – Unisa

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