Pensar Piauí

“Me dá um tiro na cabeça”, pediu pai e marido de mortos em execução

Pai de Matheus e marido de Margareth, Olegário disse que cena do crime "dilacerou minha mente profundamente"; polícia investiga crime

Foto: Reprodução/MetrópolesOlegário Nazário de Lima, 58 anos
Olegário Nazário de Lima, 58 anos

Em entrevista ao Metrópoles, Olegário Nazário de Lima, 58 anos, disse que, quando viu a esposa, Margareth, 52, e o filho Matheus, 28, mortos, pediu que um policial lhe desse um tiro na cabeça. Mãe e filho foram vítimas de uma execução.

“Eu queria abraçar minha esposa e acalentar o meu filho, como eu fazia com ele quando ele era criança. Mas o policial não deixou eu chegar perto. Eu disse, ‘policial, por favor, tire essa sua arma do coldre e dê um tiro na minha cabeça, porque eu quero ter tempo de sair correndo no infinito e me reencontrar com eles’”, contou nesta sexta-feira (14/4).

Margareth Lima e Matheus Lima foram executados a caminho da igreja, em uma rua do Parque São Lucas, na noite de terça-feira (11), zona leste de São Paulo. Um homem em uma moto parou ao lado do veículo que a mulher dirigia e fez mais de 20 disparos. O crime foi registrado por câmeras de segurança.

Foto: Reprodução/redes sociaisMargareth Lima e Matheus Lima
Margareth Lima e Matheus Lima

 

Olegário afirma que “não tem ideia” de como vai fazer para “recomeçar” após a morte do filho e da esposa.

“Foi uma cena que feriu a minha alma e dilacerou a minha mente profundamente. Eu vou conviver com isso até o último suspiro da minha vida. Eu vi minha esposa no banco, alvejada no crânio, sangrando. E meu filho caído no banco do passageiro cheio de tiro, com vários ferimentos na cabeça, no rosto. É uma cena simplesmente inexplicável. Eu não consigo nem te dizer a dor que eu senti na hora.”

Investigações

De acordo com a Delegacia de Homicídios e Proteção da Pessoa, que investiga o caso, “não há dúvidas” de que tenha sido uma execução. A polícia também trabalha com a possibilidade de que o autor seja “conhecido” das vítimas.

A Polícia Civil apura um suposto desentendimento entre Matheus e o ex-sogro. O motivo seria a guarda da filha de Matheus, de 5 meses.

Segundo Olegário, havia “uma guerra” entre os dois. Matheus tentava conseguir na Justiça o direito de ver a criança. “Foi uma questão de convivência que meu filho teve durante seis anos com a filha dele. Depois de uma discussão do meu filho com a filha dele, as ameaças começaram. Ele ameaçava meu filho e meu filho revidava. Começou uma guerra”, disse.

De acordo com a delegada Ivalda Aleixo, Matheus era alvo de uma medida protetiva que o impedia de se aproximar da ex-companheira. A mulher registrou um boletim de ocorrência contra ele em fevereiro por violência doméstica.

“Se você perguntar para mim quem era o inimigo do meu filho, o inimigo do meu filho era esse senhor. Quem é inimigo da minha esposa? Ele também. Porque minha esposa tentava fazer a parede de proteção entre ele e meu filho, ela acabou se envolvendo. Meu filho falava, ‘eu não quero mais saber da sua filha, eu quero cuidar da minha’.”

A delegada Ivalda Aleixo afirma que todos os envolvidos na desavença familiar serão ouvidos, mas que não há suspeitos no momento, apesar das acusações da família das vítimas.

Em outra linha de investigação, a polícia apura um desentendimento recente entre Matheus e um homem. Segundo contou o irmão de Matheus, Arthur Lima, o rapaz havia se envolvido numa discussão em um bar. Ele estaria com uma mulher, quando o ex-namorado dela chegou. O homem teria feito uma série de ameaças.

“Vamos descobrir quem é essa mulher, ela vem depor. E vamos descobrir quem é esse ex dela”, disse Ivalda.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS