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Maria da Penha terá proteção do Estado após ameaças da extrema direita

Sancionada em 2006, a Lei Maria da Penha se tornou marco para proteger vítimas de violência de gênero e doméstica e está sofrendo ameaças e fake news


Foto: ReproduçãoMaria da Penha terá proteção do Estado após ameaças da extrema direita
Maria da Penha terá proteção do Estado após ameaças da extrema direita

Mais uma vez sob ameaça, Maria da Penha receberá proteção, e sua casa será transformada em um memorial, servindo como referência no combate à violência contra a mulher.

Maria da Penha tem sido alvo de uma série de ataques por parte da extrema direita e de grupos conhecidos como "red pills" e "masculinistas", que se organizam em comunidades digitais para disseminar ódio às mulheres.

Essa onda de misoginia se apoia em fake news e mentiras que buscam desacreditar a palavra das mulheres. Como símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil, Maria da Penha é um dos principais alvos desses ataques. Uma das fake news questiona as duas tentativas de feminicídio pelo qual seu ex-marido foi condenado, desmentindo informações já confirmadas pela Justiça.

Diante dessa situação, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, viajou ao Ceará para se reunir com o governador Elmano de Freitas (PT) e a Secretaria de Mulheres. Ficou decidido que Maria da Penha será incluída no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e receberá segurança particular.

O local onde ela mora está alugado, e o projeto para transformá-lo em memorial estava inviabilizado por falta de recursos. Além disso, a família precisava vender a casa. A pedido da ministra, o governo do estado iniciou o processo de desapropriação do imóvel, declarando-o de utilidade pública.

"A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de provar, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram nas mãos de seus atuais ou ex-companheiros, mesmo após eles terem sido julgados e condenados", declarou a ministra.

"Da mesma forma, insiste na falácia de 'ouvir o outro lado', ou seja, os agressores condenados, criando uma onda de ódio e fake news sobre elas e contra elas", acrescentou.

"É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após emprestar seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra mulheres”, continuou a ministra.

Para Cida Gonçalves, Maria da Penha é "um símbolo de resistência e avanço na luta pelos direitos das mulheres".

"Tenho insistido que é fundamental que todos, sociedade e Estado, reafirmem o compromisso de não revitimizar mulheres vítimas de violência", afirmou.

Maria da Penha desabafa

"E isso inclui preservar sua história e memória. Esta semana demos um passo fundamental nessa direção. A residência onde Maria da Penha viveu à época das violências, em Fortaleza, vai virar um memorial, com apoio do governo do estado do Ceará, a pedido do Ministério das Mulheres", explicou.

Nesse contexto, é importante destacar que os ataques à lei não prejudicam apenas a mim, mas a todas as mulheres brasileiras, especialmente aquelas que estão atualmente em situações de violência e precisam do apoio dos serviços de proteção, criados a partir da Lei 11.340/06, fundamentais para que as mulheres possam romper ciclos de violência e ressignificar suas vidas.

Maria da Penha, no entanto, insiste que não se sente sozinha. "O que me fortalece é saber que não estou sozinha na defesa da Lei Maria da Penha. Temos muitas pessoas verdadeiramente comprometidas com esta causa, o que nos fortalece a cada dia", afirmou.

Ela disse estar "sem palavras" diante das emoções vividas nos últimos dias devido à criação do memorial.

"Vislumbro com esperança a aproximação de ações promissoras para o fortalecimento da luta das mulheres por um mundo livre de violência. É garantindo o direito à memória e à verdade que poderemos construir um futuro de justiça", completou.

Com informações do IG

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