Pensar Piauí

Marchinhas de carnaval e patrulhamento

Marchinhas de carnaval e patrulhamento

Nem ia entrar na polêmica das marchinhas de Carnaval, até porque penso que há inúmeros assuntos mais importantes. Mas estou cansado de ver colunistas de jornal clamando contra a "patrulha do politicamente correto", que quer "banir" as músicas que formam a tradição do Carnaval.
É o caso do porta-voz do liberalismo na página 2 da Folha, que termina uma de suas colunas dizendo que os foliões podem cantar sem problema os versos mais preconceituosos, pois "hoje a ideia de que todos devem ter os mesmos direitos independentemente de raça, cor, gênero, orientação sexual etc. está plenamente incorporada à visão de mundo ocidental". A gente pode questionar qual é o impacto das marchinhas, mas dizer que racismo, machismo ou homofobia deixaram de ser problemas é pura má fé.
A discussão é colocada de forma desonesta desde o princípio, quando se apresenta como uma resistência a uma tentativa de "banimento". Que banimento? O que vejo são sobretudo blocos que optaram por um repertório alternativo, não uma defesa da censura. Por que isso incomoda tanto? A patrulha na verdade vem do outro lado: querem censurar qualquer crítica ao conteúdo das letras, querem impedir que surjam alternativas, querem obrigar todo mundo a pular ao som de "Teu cabelo não nega" e "Cabeleira do Zezé".

ÚLTIMAS NOTÍCIAS